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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

A GENTE NEM PERCEBE


A vida passa – e nos transpassa - e na maioria das vezes sequer percebemos.
Um dia simplesmente deixamos de dormir na cama de nossos pais - e era tão bom! Mas quando foi que isso ocorreu? Se aconteceu naturalmente, é muito difícil de lembrar.
Acredito que temos mais facilidade para lembrar de momentos pontuais que possuem os seus rituais, com “pompas e liturgias”. Lembramos das novas escolas, dos novos cursos, das formaturas. E, obviamente, dos traumáticos. Mas não quero falar de traumas, e sim dos últimos momentos e encontros que aconteceram de forma natural, de maneira trivial.
Lembra daquela turma que se reunia pra jogar vôlei na hora do recreio, do pessoal que saía junto pra “boate”, pra “discoteca”? Quando foi que isso parou de acontecer?
Qual foi o último dia em que jogamos bola na rua, no campinho da esquina? Quando foi que aquela turma tão especial deixou isso pra lá? Quando é que o futebol do final de tarde deixou de ter importância? Como não percebemos que aquilo não iria mais acontecer?
A vida nos entrega tempo e nos absorve. Nos obriga a prosseguir. Não apaga o passado, mas entorpece lembranças.
O que faríamos se tivéssemos a possibilidade, a dádiva de sabermos que determinados momentos seriam os últimos? Ou que jamais seriam como antes? Estou falando dos momentos simples, mas extremamente complexos na felicidade que representavam.
Se tivéssemos esse dom, provavelmente aquele último jogo com a turma do bairro fosse um momento mais do que especial. Talvez ao final houvesse abraços, reconciliações, revelações, lavação de roupa suja, pratos limpos e muita nostalgia. Só de pensar nisso dá uma aflição, num misto de bom e ruim, de ótimo e péssimo.
Aqueles colegas e amigos que marcaram nossas vidas e que foram tão presentes em nossa infância, adolescência e juventude: quando foi que paramos de encontrá-los? Quando foi que deixamos de dar importância? Por que não sustentamos os vínculos? Por que o destino nos tornou tão dispersos? Foi puro desleixo?
Onde estão aquelas pessoas que acreditávamos que iríamos encontrar sempre, da mesma forma e com a mesma habitualidade, mas que simplesmente não vimos mais.
Quando foi que pararam de nos chamar por aquele apelido que odiávamos, mas que no fundo era quase uma marca registrada? Quando foi a última briga em que nos metemos para defender aquele amigo de fé? Quando foi que deixamos de apertar a campainha dos vizinhos para sair correndo achando a maior graça?
Qual foi o último banho de arroio depois duma enchente, escondido dos pais (isso nunca deveria ter sido feito)?
Quando aconteceu a última fuga para uma festa?
Os agradecimentos que não fizemos. Os telefonemas que não demos. Os abraços que não distribuímos. Os sorrisos que guardamos. As aventuras que postergamos. As promessas que não cumprimos.
Mas principalmente tudo aquilo que fazíamos com tanta naturalidade e com tanto gosto e que simplesmente evaporou, sem momento marcado, sem aviso prévio, sem reflexão, sem “quem sabe um dia”. Onde isso tudo se perdeu, em que momento virou pó?
É temeroso pensar que a qualquer instante podemos estar indo para a última partida de futebol no campinho. Para o último jogo na rua. Para um último “até amanhã”! Para um derradeiro “tchau”!
Talvez não existam mágoas, arrependimentos, choro ou frustrações sobre isso. Na maioria das vezes esses momentos foram desprovidos de despedidas. Simplesmente aconteceram. Ou deixaram de acontecer.
Mas pelo menos para mim, quando paro pra pensar, certamente há um pouquinho de dor. E um outro tanto de vazio.
Pois aproveitemos. Sejamos os mais sábios possíveis dentro de nossa imensa ignorância. Realmente ninguém sabe o dia de amanhã.

Caine Teixeira Garcia
Imagem Google/Internet


sexta-feira, 20 de julho de 2018

LIVROS RUINS



Sou daqueles que acreditava que valia a pena ler qualquer tipo de livro, até mesmo os ruins, porque entendia que eles sempre trariam algum aprendizado, alguma descoberta, algo de novo. Nesse caso, a definição “ruim” é muito pessoal, logicamente.
Aliás, já fiz muito isso, ler livros ruins. Porém, de uns anos para cá – acho que isso acontece com a maioria das pessoas – eu percebi que não tenho mais tempo a perder com eles.
A vida passa muito depressa para perdermos horas e dias com livros ruins. O custo-benefício é zero.
Antigamente eu tinha uma certa agonia, porque começava a ler um livro e lá pelo meio – ou bem antes – eu percebia que não havia gostado do conteúdo, do texto, da forma da escrita, da mensagem, enfim: percebia que o livro não era do meu agrado. Mas, como bom brasileiro – na época – eu “não desistia nunca”! Lia até o fim. Prolongava meu sofrimento. Desperdiçava meu tempo, na esperança de encontrar algo de bom na leitura.
Hoje não. Já mais tarimbado, mais vivido e mais decidido, eu escolho não ler os livros ruins. Livros ruins são uma total perda de tempo. Livros ruins são uma tortura desnecessária, m flagelo de escolha. Eu escolhi não me autoflagelar.
Parece bobagem, não é mesmo? Agora transfira esse raciocínio para os relacionamentos (amorosos, de amizade, de trabalho, etc). Certamente, a coisa fica mais séria.
Pessoas ruins não devem fazer parte de nossas vidas. Relacionamentos ruins não merecem nosso tempo. Mesmo com capas e títulos maravilhosos, um índice pomposo, uma introdução perfeita, pessoas e relacionamentos sempre se revelam. Seu conteúdo sempre vem à tona. Eu sei, é bem mais complicado do que lidar com livros. Às vezes é preciso “ler” um pouco mais, às vezes o conteúdo parece que vai ter um direcionamento e final mais promissores. Ler pessoas requer habilidade, e quanto mais maduro e experiente, mais habilidosos ficamos. Nossos erros passados também ajudam muito nesse caso.
Talvez não seja possível por de lado esses “livros ruins”, especialmente nas questões de trabalho, familiares, etc. Mas podemos apenas fazer de conta que eles estão lá, numa prateleira, da qual nunca os tiraremos para estudos mais aprofundados.
Pessoas ruins são nocivas. Eles merecem somente o pó do esquecimento. Nada de rasgar suas folhas, jogá-las fora, queimá-las em praça pública. É necessário apenas que as deixemos de lado, na estante do esquecimento, na biblioteca da indiferença. As traças do tempo farão seu trabalho com perfeição.
Por isso, um dos conselhos que eu dou hoje é esse: não perca tempo com livros ruins. E nem com nada ruim. Se estiver desconfortável, mude, troque, venda, ponha de lado, esqueça, vá adiante. Se não for possível nesse momento, trabalhe e se esforce para que seja possível logo. Livre-se desses fardos.
Se o filme estiver ruim no cinema, levante e vá passear na rua, tomar um sorvete, olhar as vitrines. O dinheiro que pagamos não vale o tempo perdido. Se o noticiário estiver ruim, troque de canal ou apague a televisão. Se a comida do restaurante não estiver boa, troque por um café. E sem fazer alarde. O tempo desperdiçado reclamando também é precioso. Nós podemos, sim, perder a elegância de vez em quando. Temos esse direito. Só não podemos fazer disso uma regra. Isso é exceção. O incômodo é exceção. A regra é ser feliz (tentarmos, pelo menos).
Não fazer absolutamente nada contra a nossa vontade é impossível. Vivemos em sociedade, somos seres humanos normais. Mas podemos impor limites a muitas coisas. Podemos nos colocar em primeiro lugar em várias situações. Podemos – e devemos - sim, privilegiar e valorizar mais nosso tempo.
Definitivamente eu não tenho tempo para livros ruins. “O Alquimista” em minha estante que o diga. Foram inúmeras tentativas de leitura sem sucesso. Deixei-o lá. Ganhei outros títulos da mesma lavra, com os quais também não logrei sucesso. Belas apresentações, material sedutor. Mas só isso. Estão inertes em seu canto.  Não os prejudico, nem eles me fazem mal. Ficamos assim. Perto, porém, distantes.
Eu tive a mesma atitude com inúmeras situações e pessoas que não agregavam em minha vida, cujos conteúdos não me conquistaram.
Algumas coisas podem realmente ser encantadoras para outros, mas nessa vida eu não tenho tempo para elas.
O que é bom não necessariamente vem acompanhado de pompa, de renome, de enfeite, de mídia, beleza, poder ou grandes autores. O que é bom para nós, simplesmente é.
Guarde seu tempo paras as coisas boas da vida. Priorize. É perfeitamente possível sabermos quais são, às vezes precisamos apenas de um pouco de coragem e atitude. Acredite, isso muda nossa vida para melhor.
Fuja dos livros ruins, dos filmes ruins, das comidas ruins, do papo ruim, das pessoas ruins. Sejamos a soma do que vimos, lemos e vivemos de melhor. Encontre-se com seu tempo. Desfrute dele. Sem culpas. Ele é o principal, e passa depressa demais. Isso eu garanto.

Caine Teixeira Garcia
Bagé, 20/07/2018

Imagem Google/Internet




sexta-feira, 29 de junho de 2018

RICO AOS 40

Obviamente, em qualquer momento da vida, deve ser ótimo ser rico.
Mas imagine ser rico aos 40: as pessoas já não nos enganam tão facilmente, sabemos diferenciar bajulação de comprometimento, identificamos de forma mais precisa quem sim, quem não e quem nunca.
Aos 40, vivemos como um meio-campista habilidoso e experiente: corremos menos, mas produzimos mais e melhor, embora ainda tenhamos fôlego para os “piques” necessários. Antevemos jogadas, arriscamos com mais objetividade, somos donos de uma cadência mais precisa e cada lance tem exatamente a nossa cara, a nossa impressão, o nosso manifesto.
Imagine só que maravilha ser rico aos 40, quando a gente finalmente enxerga além das aparências, quando percebemos que a beleza que vem de dentro realmente é infinitamente superior a um corpo bem delineado, um par de olhos estonteantes ou uma boca sensual. E sim, essas coisas seguem sendo interessantes. O que muda são os critérios, as prioridades.
Certamente deve ser uma bênção ser rico num estágio da vida onde a gente percebe com clareza a diferença entre perda e livramento, entre o inevitável e a escolha, entre sucesso e ilusão.
Os 40 nos trazem a maturidade de saber quando partir. De perceber quando ficar. Aprendemos a importância do silêncio e o peso da fala.
Temos a consciência plena de que sempre podemos ser melhores. E, via de regra, ainda temos um tempo razoável para praticar isso.
Aos 40, o café tem outro gosto, a pizza tem mais sabor, o mundo tem mais cor. Pequenos e singelos momentos ganham grande relevância. E somente é assim porque a vida já nos ensinou de forma bastante incisiva o valor de cada coisa e de cada instante. É bem possível que já tenhamos aprendido que perdoar é uma bênção que traz infinitamente mais benefícios a quem perdoa.
Provavelmente já tenhamos entendido que na maioria das vezes o passado só nos fere quando assim permitimos. Que o dia de hoje realmente é um presente. E que o futuro, apesar dos pesares, depende única e exclusivamente de nós.
Aliás, não devemos esperar muito do passado... o que vem de lá não traz novidades. Os 40 nos ensinam a sermos seletivos o suficiente, no sentido de armazenar o que serve e deixar definitivamente para trás o que é pó. Somos obrigados a levantar âncora e fugir dos escombros.
Nesse período do vida já absorvemos e compreendemos plenamente a sabedoria da natureza, que fez o ser humano com dois olhos, dois ouvidos e somente uma boca. E esse é um aprendizado muito valioso.
Já pensou? Imagine ser rico aos 40... com marcas e feridas já cicatrizadas, cada uma delas lembrando e representando um momento importante que forjou o que somos e o que nos tornamos.
Quem já constituiu família tem parceria pra vida, pra dividir problemas e conquistas, pra comer pipoca assistindo um jogo, roncar enquanto o outro está vendo o filme que foi convidado/obrigado a olhar, pra xingar em dupla a conta da luz e o salário que não dá até o final do mês. E pra escolher em equipe qual será a “indiada” nas férias.
Nesse caso, é possível aproveitar melhor os filhos e ter a certeza de que cada conquista deles é infinitamente mais importante e gratificante do que as nossas. Finalmente temos a dimensão do que é amor de verdade. Dependendo da idade, os filhos finalmente entendem porque os pais são tão chatos antes e porque certamente continuarão sendo.
Ao 40 aprendemos a abandonar ciclos. Compreendemos que “tudo bem” se não for possível ter reciprocidade em relacionamentos. Não somos responsáveis pelo amor do outro, mas sim pelo amor que somos capazes de entregar. E se no auge de nossa entrega a pessoa não for capaz de perceber a importância e o valor disso, aceitamos que o problema não está em nós. Não podemos e não seremos definidos por aquilo que os outros fazem ou deixam de fazer, e não seremos eternamente feridos por sua incapacidade de amar.
O adeus dói, mas também é libertador. Não devemos fazer morada – nem mesmo repousar -onde não somos bem quistos, onde não somos desejados de verdade, onde sejamos forçados a “caber”.
Aos 40, abandonamos a autossabotagem. Dessa forma, muitos optam em seguir “sozinhos”. E são felizes, porque aos 40 eles já sabem exatamente quem são. E isso é suficiente para seguirem adiante, vivendo plenamente. A “metade da laranja” é uma lenda, que nessa idade já não assombra ninguém. Pelo menos ninguém em sã consciência.
Buscamos ser melhores do que aqueles que nos antecederam. Pra muitos o “eu te amo” ainda é uma frase difícil, mas tentamos. Exercitamos. E somos melhores na arte de amar, nos doamos mais, nos entregamos mais. Somos mais humanos. Somos mais gente. Mais sinceros. Portanto, mais íntegros.
Imagina, ser rico aos 40...
Saber e querer ficar em casa, sem a angústia do mundo exterior. Ter alguém que nos proteja, que faça tudo por nós. Ter alguém para quem sejamos inspiração, exemplo. Ter alguém pra dividir e pra somar. Encontrar felicidade num sorriso, num abraço, num chimarrão.
Ou simplesmente termos a nós mesmos. Acharmos um ponto de equilíbrio. Entender que muito pouca coisa é imutável de fato.
Não, a vida não é menos importante, ou “menor” antes dos 40. Ao contrário. Ela é maravilhosa, e é simplesmente maravilhoso constatar que segue sendo ótima e que pode melhorar ainda mais.
A imagem no espelho já não tem o mesmo viço, mas certamente ganhou mais experiência. As rugas abandonam padrões, nos libertam de estigmas. Já vivemos o suficiente para saber que não temos tempo a perder. Já perdemos pessoas suficientes para aprender que o dia de amanhã é incerteza pura. E que não devemos deixar para esse amanhã o abraço que podemos dar hoje.
Não, meu amigos. A vida não começa aos 40. Nessa fase já vivemos muito. Os 40 são uma espécie de consolidação, um pouco de colheita daquilo que plantamos até esse momento.
Ah, ser rico aos 40 deve ser demais.
Contudo, certamente o mais importante e interessante é chegar nessa fase da vida sem grandes – ou nenhum – arrependimento. É saber que até esse momento temos feito tudo da melhor maneira possível. É lutar os bons combates, defender as boas causas. É ter hombridade suficiente para corrigir erros, voltar atrás e dar um passo adiante de cada vez. E, finalmente, poder afirmar que, pondo de lado a falta de dinheiro (e isso é somente um detalhe), na realidade, já somos milionários. 


Caine T. Garcia



sábado, 9 de junho de 2018

PRÉ-VENDA "UM POEMA NO SUL"


MORTE

A morte é um atropelo, uma verdade de mau gosto.
Nos acompanha passo a passo, nos absorve dia a dia.
A velha morte é um novelo, que se desenrola a contragosto.
É matéria que fica tapera, numa oração sem serventia.
É a sombra que não vemos... é a sobra que não vencemos.
A morte é uma viagem indesejada, um inimigo de convivência imposta.
É um desvario, uma insanidade... certeza que paira sobre a humanidade.
É o fim de uma caminhada, é fragilidade que fica à mostra.
Vive à espreita de nossa saúde, ora por nossas mazelas e desesperos.
Dorme ao nosso lado, habita nosso mundo, na busca por sono eterno.
Anseia por nossos descuidos, afronta os nossos desejos.
A morte debocha da vida, pouco se importa com céu ou inferno.
A morte é um verso mal escrito, uma voz desafinada...
É instrumento indefinido, melodia mal acabada...
É existência proscrita... é dança vil e descompassada...
A morte é uma traidora, beijando faces sem nem ganhar trinta moedas.
Sim, morte, o teu beijo não vale nada, mesmo custando vidas.
Não há conforto na dor, não há amparo na queda...
Não existe azar e nem sorte, somente final e partida.
Sim, morte, tu és bem pior do que Judas Iscariotes.
Paz aos que se foram... mas a morte não nos merece.
Luz para os que ficam, a morte é só uma ironia que acontece.


Caine Teixeira Garcia
Imagem: Google/Internet



UM POEMA NO SUL

Projeto "Um Poema no Sul".
Boa tarde, amigos e amigas.
Eu e meu grande amigo e parceiro Jair Silveira estamos lançando oficialmente o projeto "Um Poema no Sul". Para realização do mesmo, buscamos a parceria e o incentivo dos amigos através do financiamento coletivo.
Segue o link abaixo, para que todos possam ajudar dentro de suas possibilidades. Se trata de um grande projeto artístico e cultural, com o fim de fomentar e perpetuar nossa arte e cultura.
Contamos com todos, grande abraço!
#culturaemmovimento
#umpoemaaosul
#poesiaregional
#caineteixeiragarcia
#jairsilveira


 https://www.catarse.me/um_poema_ao_sul_3707?r

UM OLHAR À LUA


Há uns dois dias atrás, quando estava saindo do trabalho, eu vi a lua aparecer lindamente no céu. Em meus mais de quarenta anos, talvez tenha sido a imagem mais bonita dessa moça que eu tive oportunidade de vislumbrar.
Ela estava enorme e, curiosamente, no lado nascente, parecia um sol se pondo, avermelhada, em brasas, entremeada em nuvens. Algo realmente magnífico, esplendoroso.
Eu, que muitas vezes carrego minha máquina fotográfica justamente para registrar momentos inesperados como esses, naquele dia não a tinha comigo.
Peguei meu celular na tentativa de fazer algum registro minimamente próximo da beleza que estava ocorrendo frente aos meus olhos, mas logo percebi que era mais válido ficar parado, somente observando esse espetáculo do universo, apreciando cada instante. É uma imagem única, que guardarei na memória das retinas - e da alma - pra sempre.
Embora um pouco frustrado por não ter como compartilhar com os amigos esse momento raro, fiquei muito feliz por ter podido me dedicar unicamente a apreciar instantes de rara beleza. Fiquei feliz por entender o que era mais importante naquela hora.
A vida é assim, muitas vezes achamos que não estamos prontos para determinadas situações, entendemos que nos falta algo, ficamos perdidos em coisas que nos tiram o foco daquilo que realmente importa. Na verdade, muitas coisas em nossa caminhada não requerem e nem se sujeitam a uma "preparação especial".
Muitas situações acontecem e devem simplesmente serem vividas, sentidas, apreciadas.
Nos acostumamos tanto com a lua que por vezes perdemos a chance de assistir aos inúmeros espetáculos que ela, constantemente, nos oferece.
Assim é com o sol, com a chuva, com os rios, com o mar, com nossas vidas.
Mais do que ofertar um abraço, é necessário sentir, entregar-se.
Mais do que ensaiar um sorriso, é preciso verter carinho e empatia.
Mais do que realizar uma caridade, é preciso doar-se.
Mais do que discursar bondades, é preciso amar.
Mais do que registrar a vida, é preciso viver.
A lua é sempre linda, sempre deslumbrante. Às vezes nos falta é o olhar.

Caine Teixeira Garcia
Imagem Google Internet

A FORÇA DA POESIA

A poesia é sim uma agente transformadora de vidas, da sociedade, do mundo. Esteve, está e estará presente nos grandes momentos e acontecimentos mundiais, como forma de expressão, de manifestação, de resistência, de compaixão, de fraternidade, de crítica, de entrega, de solidariedade, enfim. A poesia atravessa os tempos modificando aldeias e universos. Ela é onipresente.
Em minhas andanças, tenho testemunhado e participado de fatos lindos, inusitados, e maravilhosos.
Mais uma vez tive a oportunidade de ser presenteado com momentos únicos. Durante o Seminário para o qual fui, com muita honra e felicidade, convidado a participar em Espumoso, entre os tantos momentos únicos e belos com os quais fui honrado, me sensibilizou muito o relato de uma professora (que infelizmente não perguntei o nome) que alfabetizou uma senhora de mais de 60 anos através das poesias que ela própria criava, mesmo sem saber ler e escrever. Essa senhora tinha as poesias em sua mente, e as recitava à professora que, por sua vez, as escrevia no quadro e em cadernos, criando um processo muito específico de alfabetização. E que deu certo! Hoje essa senhora consegue transpor suas ideias e suas poesia para o papel! Não é lindo, isso? Não é maravilhoso???
Isso me fez lembrar de um poema de minha autoria, "A negra poesia", cuja temática inclui fato parecido: uma escrava negra cujas poesias habitavam sua mente e seus sonhos, ainda que ela fosse analfabeta e proibida de voar em seus versos. No poema, a poesia também a libertou, embora de uma forma mais drástica.
É a inspiração e a poesia enfrentando a dura realidade e as mazelas do mundo, e efetivamente transformando vidas!
Sou realmente um privilegiado em minha senda poética.
Que a poesia seja sempre uma ferramenta do bem!!!
Gracias meu Deus!!!


 Caine Teixeira Garcia
Imagem Google/Internet

 

O PESSIMISTA

Por que tantas pessoas se deixam influenciar pelos pessimistas? Essa é uma pergunta que me faço sempre!
Parece que muitos ainda não notaram que o pessimista nada mais é do que um preguiçoso, um "vagabundo de alma". Logicamente que esse pessimismo ao longo do do tempo é manipulável a favor do pessimista, que muitas vezes também possui outros atributos nada nobres, como a inveja, a insensibilidade, a ganância, etc, etc.
O pessimismo aos que tem boa fé, aos espíritos livres, aos de alma leve, aos de coração aventureiro, aos de boa paz, aos diferenciados, aos encorajadores, aos grandes líderes, enfim, aos que possuem boas intenções e força de vontade, funciona como uma âncora, daquelas extremamente pesadas, que seguram ideias e atitudes no cais da mesmice, da inércia, do retrocesso, da covardia.
Mesmo que nossa embarcação possua motor para seguir rumo aos mares e objetivos que buscamos, se não nos livrarmos totalmente desse peso que é o pessimismo, ele, de alguma forma, irá atrapalhar, atrasar e, talvez, até mesmo inviabilizar nossas conquistas.
O pessimismo é um cupim maléfico, que corrói nosso espírito, nossa coragem, nossas ideias, nosso bom senso, nossa capacidade de ser e fazer mais.
O pessimista deve ser indesejável, não deve habitar nossos círculos íntimos de relações, deve ser extirpado. Ele é um desagregador nato.
Via de regra, é alguém que não faz nada de produtivo. É um frustrado tentando frustar os que estão à sua volta.
O repertório de frases e pensamentos do pessimista tem como base a reclamação, destazer, ser do contra. Torcer pelo infortúnio.
O pessimista prefere gastar mais tempo pensando problemas do que viabilizando soluções.
O pessimista se satisfaz com a infelicidade, com o erro, com o insucesso. Ele veio ao mundo para atormentar. O pessimista ama o caos.
Não guarde ouvido para os pessimistas. Lhes dê bom dia, mas à distância. O pessimismo é contagioso, vacine-se. Se for preciso, fuja. Não é errado fugir do mal.
Proteja sua alma, facilite seus caminhos.
Acredite que tudo é possível, longe dos pessimistas!

Caine Teixeira Garcia


PANELA

Em tudo na vida, tem PANELA:
Para nomear ao tribunal
Pra promover o general
Para passar em festival
Na apuração do Carnaval...


Para atender ao doente
Para prender o inocente
Pra olhar a vida da gente
E para soltar o traficante
...e pra escolher Presidente!

Com certeza, tem panela:
Pra beneficiar deputados
Pras molezas do Senado
Pra proteger o Delegado
E para escolher o culpado

Na hora de doar o pão
No rádio e na televisão
Na lista da convocação
E no momento da votação...
...e pra descartar opinião!

Sempre existiu a panela:
Nos grupos de amizade
Na escola e na faculdade
Em ações de solidariedade
Na história da humanidade!

Em bairro nobre e favela
Pra decidir uma tutela
Quando o playboy atropela
E pra dividir mortadela...
...pra ver quem vive em mazela!

Sabe-se que há panela:
Numa rodinha de bobo
Na RBS e Rede Globo
- Lá na matilha de lobos
Entre corretos e improbos...

Entre a polícia e o bandido
Para fazer ter sentido
Em mil poemas não lidos...
E pró Estados unidos!
... pra ver o bem, corrompido!

Há panela, com certeza:
Pra começar uma guerra
Pra dividirem-se as terras
Pra esquecer o que berra
E quando a cortina cerra...

Para chamar de vadia
Pra o homem perder valia
Pra desaprovar melodia
E pra desfazer da poesia...
... e pra desonrar a família!

Mas então o que é panela?
É um lado oculto exposto
É pouca vergonha no rosto
É ter ódio e inveja do outro
É lavar a alma no esgoto!

Pra alguns é canto seguro
Onde se vive aos sussurros
Às vezes, em cima do muro
Tendo no umbigo o futuro...
... com o caráter no escuro!

Malditas panelas que falo
Não matam sede e nem fome!
Somente desonram o Homem
- que não vale aquilo que come -
Na ganância que o consome...

CTG
BRASIL

Esse é um país mal-acabado,
Que precisa ser reinventado
Talvez, quem sabe, pelo avesso...
Pois ninguém aguenta mais
Toda essa gente que nos trai,
De pouco valor e muito preço!

Esse é um país da injustiça,
Onde a sentença se espreguiça
Em seus acórdãos magistrais...
Liturgicamente pondo em luto
Toda uma nação, onde o justo,
Pode menos que os marginais!

Esse é um país da corrupção,
Que defende e protege o ladrão,
Enquanto maltrata o trabalhador...
Igual Barrabás fez com Jesus,
O pobre é condenado pelos Sus,
E no final da fila é morte e dor!

Esse é o país do maior imposto,
Onde o povo morre de desgosto
Pagando sem retorno algum!
E ainda tem o Supermercado
Onde o assalto é legalizado
- entra com pouco, sai sem nenhum -

Esse é um país tão inclemente...
E Deus me livre ficar doente,
Não tenho bolso pra farmácia!
E que não se falte ao serviço,
Pois a patronagem tem o vício
De demitir com eficácia!

Esse é um país de politicagem,
Onde toda essa bandidagem
Se diverte às nossas custas!
Aqui a massa adota os bandidos
E os que são bons, são preteridos
E vão sendo alijados nessa luta...

Esse é um país de expiação...
Apesar da missa, culto e sessão
E mensagens da pomba gira.
Há dízimo para maus pastores,
Tem padre e médium abusadores,
E pai de santo de mentira!

Esse é um país da intolerância,
Onde a novela tem importância
Bem mais que a dor de um irmão...
Somos a pátria de chuteiras,
Enquanto um bando de calaveiras
Rasgam a nossa Constituição!

Esse é um país do carnaval...
E já acostumamos com o mal
E a insensatez dessa baderna!
De que adiantou bater panelas?
O pato amarelo é uma balela,
Só muda a cor de quem governa!

Esse é um país de mil partidos,
Propositalmente dividido,
Como haveremos de vencer?
Nosso Judiciário serve altivo
Ao Legislativo e ao Executivo,
Nesse vil projeto de poder!

Esse é um país de democracia,
E a manifestação só tem valia
Se não for contra o que se faz...
Vamos esquecer o mensalão!
Comer as carnes de papelão
E nem falar na Petrobrás...

Esse é um país autosuficiente,
Em petróleo, em semente,
Exportador de mil riquezas!
Mas permanece a inflação
Mesmo a Globo dizendo não
Há menos fartura pelas mesas!

Esse é um país do insucesso,
Em nome da ordem e do progresso
O Supremo folga na sexta-feira...
Corrompendo sonhos e estatais
Governos querem mais e mais
Deixe que rasguem a bandeira!

Esse é um país sem empatia
Pode racismo, homofobia
Mas só não pode ter opinião
O "politicamente correto"
Pare gerações de ineptos
Para qualquer contestação!

Esse é um país desgovernado,
Traficante livre e armado,
E polícia amarrada e "de a pé"
Quem manda em tudo é meliante...
Morremos muito, a cada instante
E só nos resta mesmo a fé!


Caine Teixeira Garcia
Imagens Google/Internet

PERSEVERANÇA

O mundo segue em frente quando a gente adoece, quando sofre, quando perde o emprego, quando se equivoca, se decepciona, enfim. Muitos nos incentivam para que tenhamos decisões erradas, apenas para que se sintam melhores do que nós.
Nossos ouvidos e nossas mentes devem estar atentos para tenhamos as atitudes mais sábias possíveis.
A maioria das vitórias é feita de degraus. Pular etapas, muitas vezes nos leva ao insucesso.
É necessário corrigir rotas sempre que possível, mas para melhor.
A questão é não esmorecer. É saber que as conquistas não são fáceis, mas que só acontecerão se não desistirmos. Precisamos aprender a confiar nas pessoas certas, nos conselhos sinceros e, principalmente, em nós.
Também é preciso aprender a levantar. Lamber as feridas e prosseguir.
Manter fidelidade consigo e com os amigos. Ter as mãos sempre estendidas a quem já nos deu as mãos.
Gratidão. Reciprocidade.
Perseverança. Talvez essa seja a fórmula do sucesso. Ou, pelo menos, de uma boa maneira de agir.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

SOBRE PILCHAS (E IDENTIDADE):


Tirando a parte artística (onde as invernadas de danças foram totalmente estilizadas, ok) e um mínimo de decência a ser cobrada nos bailes, penso que no dia a dia a única pilcha que deve ser obrigatória é a camisinha.
Nenhum campeiro levanta de manhã e se pilcha da cabeça aos pés, se preocupando com a "espécie" de bombacha ou lenço que vai usar. Muitos homens de campo fazem suas campereadas curtas de boné, às vezes uma bota de borracha ou até um tênis, camiseta regata e tantas outras coisas que tem à mão.
Estão mais preocupados em ter um laço bom, um pingo bueno, uma faca pras precisão e aquele "bocó" improvisado.
Quem me garantiu isso foi um gaúcho antigo, lá do fundo da bolena, falando ao celular.
Entendeu?
Muitos homens e mulheres fizeram pátria trajados da forma mais simples ou atípica possível.
Músicos, dançarinos, cantores, poetas, radialistas, compositores, dirigentes e seus movimentos e grande parte dos historiadores estão longe, muito longe de fidelizar aquilo que eram, o que representaram e menos ainda os gostos para vestimentas dos de "ontem".
Vestimenta, aliás, é o que menos determina o nosso gene gaúcho, tão cheio de riquezas entre as nossas diversas diferenciadas regiões, repletas de particularidades.
Respeito e bom senso, somente isso. Diálogo e empatia.
Sou apoiador dos CTGs, MTG e afins. Mas às vezes eles querem ser mais "antigos" que Adão e Eva. E isso tem tido efeito contrário, pois está "modernizando" e "aculturando" o meio de forma negativa, em algumas vezes.
Engraçado que tudo isso se propaga por "chasques" na internet, eles se falam por e-mail e whatsapp.
Saibamos separar as coisas, caso contrário, daqui a pouco vamos ter que andar de boleadeiras na rua, e dançar com cimitarras nas mãos.
Não necessitamos dessa eterna busca por identidade (que não se resume à pilcha), pois já a possuímos, e se forma marcante.
Separemos a realidade daquilo que criamos e cultuamos, dando a devida importância a cada uma dessas coisas.
E viva o Rio Grande.


Caine Teixeira Garcia

Imagem Google Internet

PREGUIÇA

Tô com preguiça
dessa gente chata
Que nunca dá ponto
- e que não desata -
Tô com preguiça
dessa gente pobre
Pobreza de espírito
- jamais dos "cobre"!
Tô com preguiça
dessa gente ruim
Com essa maldade
que não chega ao fim
Tô com preguiça
dessa gente adulta
Que só nos engana
e que nos insulta!
Tô com vontade
de matar saudades
De quem me emprestava
a sua felicidade
Tô com desejo,
de um abraço, um beijo
De sorrir à toa
com quem já não vejo!
Tô com vontade
de dizer verdades
Pra quem é mentira,
dor e falsidade
Tô com desejo
- enquanto versejo -
De ser menos pompa
e mais vilarejo!
Ando com medo
de saber segredos
E os deixar um dia,
escapar nos dedos
Ando sozinho
nos meus descaminhos
Me ferindo em flores
- desabrochando espinhos!
Há na inconstância
do que escrevo agora
A marca permanente
das dores das horas
E ao findar dos dias,
tudo faz sentido:
Já não sou poesia...
Sou verbo transitivo!


Caine Teixeira Garcia

Imagem Google internet

AMIGOS

Às vezes é bem difícil ver que grandes amizades da infância e da juventude tomaram rumos distantes, diferentes e independentes dos nossos. São muitas as lembranças para as quais eu daria um melhor destino, se dependesse de mim. A manutenção de amizades requer doação. O tempo e a experiência nos ensinam isso. Nas várias fases de nossas vidas, especialmente na infância e adolescência, nem sempre temos consciência ou condições de dedicarmos um pouco mais de nós aqueles que nos são caros.
Nos falta o tato, dispensamos um abraço, deixamos de dizer o quanto gostamos da pessoa e o quanto ela nos faz bem.
A vida gira os moinhos, e cada um faz sua história... muitas coisas boas e importantes, que pareciam eternas naqueles instantes, ficam pelo caminho.
Pessoas que preenchiam muito de nossas vidas se dispersam...mas permanecem em nossos corações!
Quando o acaso me mostra postagens de amigos e amigas de outrora vivendo suas vidas com seus familiares, com novos laços, em suas realizações, isso me traz muita felicidade, mas também um pouco de aperto no coração.
Um saudosismo doído e gostoso.
A vida é assim...
A todos que experimentam esses sentimentos, resta a esperança de também ser uma boa saudade a essas pessoas que, em algum momento, fizeram parte de nossas vidas.
Deus as guarde com carinho.


Caine Teixeira Garcia
Imagem Google Internet



quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

AMAR


Amar é difícil...

O amor cria rugas, amarrota o espírito, dobra a alma...

É um processo tortuoso, de entrega e de confiança em busca de reciprocidade, embora aconteça independentemente de resultados, porque amar é um estado aceitável de incompreensão. Amar é rebeldia!

Amar é a insônia, o desalento, a incerteza, a ferida, a dor, o corte em si, a cicatriz!

Amar é o frio que queima, o calor que gela...

Amar dói! É duro amar...

Amar é complexo, indefinição extrema. É prisão perpétua. Condenação!

É temer o voo...

Amar é a dúvida, o mundo do avesso, a inquietude, o excesso de apego, o encantamento febril.

É ter sede e fome...

Amar é a insanidade dos bons. É tatear no escuro. É não saber do fim.

É querer controlar o tempo...

Amar é fácil...

Porque nos afeiçoamos às rugas, acalmamos o espírito, flexibilizamos a alma...

Aprendemos a receber e a entregar confiança, somos abençoados na reciprocidade. Amar é ser compreendido em nossas imperfeições. Amar é paz!

Amar é saborear as madrugadas, e dormir sonhando em acordar. É estar satisfeito em meio a quaisquer desconfortos, é abraçar com firmeza o incerto, é lamber as feridas na certeza que de vale a pena. É ter em cada cicatriz um símbolo muito além da comum humanidade.

Amar é o frio que aquece, o calor que refresca...

Amar cura! É puro amar...

Amar é simples, categórica leveza. É liberdade incondicional. Soltura!

É ganhar asas...

Amar é a resposta, é o mundo que desejamos em nosso íntimo, é a sobriedade, é o desapego às vaidades e egoísmos, é o desencantamento com o não querer bem.

É ser fonte e alimento...

Amar é a lucidez do Homem. É farol na escuridão, é não temer o fim.

É abraçar o tempo...

A sabedoria do coração nos concede a capacidade de perceber que a real intensidade e o concreto valor da vida residem única e exclusivamente no AMOR!

Amar é felicidade.

Amar é tudo!

Caine Teixeira Garcia
Images Google/Internet 



segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Em dias assim...

Há dias em que acordo me achando pouco...
Não para mim, mas para os outros!
Há dias em que eu gostaria de ser mais...
Em dias assim, me quedo absorto, a buscar forças no meu interior...
Lastimo oportunidades perdidas, refaço caminhos, reinvento estradas, em busca de um novo final...
Os pensamentos vagueiam, voam longe! O infinito me é concedido.
Há punições à minha alma pelas falhas cometidas, há um desacato temeroso a Deus pelas inconstâncias ocorridas... e permitidas!
Nesses dias em que perscutro minhas sombras, sou receoso de mim e de minhas limitações. Muitas das indagações que me faço encontram ecos no silêncio, com respostas as quais eu já sabia.
São persistentes as dúvidas. É através delas que nos tornamos peregrinos do nosso Eu.
Há dias em que acordo me achando pouco...
Pouco na fé, pouco no ser, pouco no amor, pouco no existir...pouco no viver...
Não para mim, mas para os outros.
Há dias em que gostaria de poder mais, de lutar mais, de conseguir mais, de existir mais.
De ser mais para os outros.
Nessa humanidade que nos aprisiona e nos liberta, nossa consciência é um tribunal impiedoso.
Nosso partir é certo, portanto, nossos dias são uma contagem regressiva na senda da correção interior...
Por isso, há dias em que sinto saudades da minha inocência, em que clamo por um pouco mais de sabedoria.
Há dias em que lamento os abraços que não dei, os afagos que não fiz, as palavras que guardei.
Há dias em que a culpa é maior do que a leveza, de que os sonhos são menores que a realidade, em que as lágrimas são mais fáceis do que os sorrisos.
Em dias assim, eu sofro! Em dias assim, eu cresço.
Não por mim, somente. Mas também pelos outros. Por aqueles que amo, que necessitam de mim. E também por aqueles que sequer conheço ainda. Porque é preciso evoluir sempre.
A caminhada é longa... Sou mais lento do que gostaria. Mas persisto.
Há muito de amor e poesia no trajeto.
Me perdoo e prossigo.
Não por mim, somente. Mas também pelos outros.
Há dias em que sei que acordar vale a pena. E isso é sempre.

Caine Teixeira Garcia

Imagem: Google/internet