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sexta-feira, 6 de abril de 2018

SOBRE PILCHAS (E IDENTIDADE):


Tirando a parte artística (onde as invernadas de danças foram totalmente estilizadas, ok) e um mínimo de decência a ser cobrada nos bailes, penso que no dia a dia a única pilcha que deve ser obrigatória é a camisinha.
Nenhum campeiro levanta de manhã e se pilcha da cabeça aos pés, se preocupando com a "espécie" de bombacha ou lenço que vai usar. Muitos homens de campo fazem suas campereadas curtas de boné, às vezes uma bota de borracha ou até um tênis, camiseta regata e tantas outras coisas que tem à mão.
Estão mais preocupados em ter um laço bom, um pingo bueno, uma faca pras precisão e aquele "bocó" improvisado.
Quem me garantiu isso foi um gaúcho antigo, lá do fundo da bolena, falando ao celular.
Entendeu?
Muitos homens e mulheres fizeram pátria trajados da forma mais simples ou atípica possível.
Músicos, dançarinos, cantores, poetas, radialistas, compositores, dirigentes e seus movimentos e grande parte dos historiadores estão longe, muito longe de fidelizar aquilo que eram, o que representaram e menos ainda os gostos para vestimentas dos de "ontem".
Vestimenta, aliás, é o que menos determina o nosso gene gaúcho, tão cheio de riquezas entre as nossas diversas diferenciadas regiões, repletas de particularidades.
Respeito e bom senso, somente isso. Diálogo e empatia.
Sou apoiador dos CTGs, MTG e afins. Mas às vezes eles querem ser mais "antigos" que Adão e Eva. E isso tem tido efeito contrário, pois está "modernizando" e "aculturando" o meio de forma negativa, em algumas vezes.
Engraçado que tudo isso se propaga por "chasques" na internet, eles se falam por e-mail e whatsapp.
Saibamos separar as coisas, caso contrário, daqui a pouco vamos ter que andar de boleadeiras na rua, e dançar com cimitarras nas mãos.
Não necessitamos dessa eterna busca por identidade (que não se resume à pilcha), pois já a possuímos, e se forma marcante.
Separemos a realidade daquilo que criamos e cultuamos, dando a devida importância a cada uma dessas coisas.
E viva o Rio Grande.


Caine Teixeira Garcia

Imagem Google Internet

PREGUIÇA

Tô com preguiça
dessa gente chata
Que nunca dá ponto
- e que não desata -
Tô com preguiça
dessa gente pobre
Pobreza de espírito
- jamais dos "cobre"!
Tô com preguiça
dessa gente ruim
Com essa maldade
que não chega ao fim
Tô com preguiça
dessa gente adulta
Que só nos engana
e que nos insulta!
Tô com vontade
de matar saudades
De quem me emprestava
a sua felicidade
Tô com desejo,
de um abraço, um beijo
De sorrir à toa
com quem já não vejo!
Tô com vontade
de dizer verdades
Pra quem é mentira,
dor e falsidade
Tô com desejo
- enquanto versejo -
De ser menos pompa
e mais vilarejo!
Ando com medo
de saber segredos
E os deixar um dia,
escapar nos dedos
Ando sozinho
nos meus descaminhos
Me ferindo em flores
- desabrochando espinhos!
Há na inconstância
do que escrevo agora
A marca permanente
das dores das horas
E ao findar dos dias,
tudo faz sentido:
Já não sou poesia...
Sou verbo transitivo!


Caine Teixeira Garcia

Imagem Google internet

AMIGOS

Às vezes é bem difícil ver que grandes amizades da infância e da juventude tomaram rumos distantes, diferentes e independentes dos nossos. São muitas as lembranças para as quais eu daria um melhor destino, se dependesse de mim. A manutenção de amizades requer doação. O tempo e a experiência nos ensinam isso. Nas várias fases de nossas vidas, especialmente na infância e adolescência, nem sempre temos consciência ou condições de dedicarmos um pouco mais de nós aqueles que nos são caros.
Nos falta o tato, dispensamos um abraço, deixamos de dizer o quanto gostamos da pessoa e o quanto ela nos faz bem.
A vida gira os moinhos, e cada um faz sua história... muitas coisas boas e importantes, que pareciam eternas naqueles instantes, ficam pelo caminho.
Pessoas que preenchiam muito de nossas vidas se dispersam...mas permanecem em nossos corações!
Quando o acaso me mostra postagens de amigos e amigas de outrora vivendo suas vidas com seus familiares, com novos laços, em suas realizações, isso me traz muita felicidade, mas também um pouco de aperto no coração.
Um saudosismo doído e gostoso.
A vida é assim...
A todos que experimentam esses sentimentos, resta a esperança de também ser uma boa saudade a essas pessoas que, em algum momento, fizeram parte de nossas vidas.
Deus as guarde com carinho.


Caine Teixeira Garcia
Imagem Google Internet