VISITANTES

sábado, 9 de junho de 2018

MORTE

A morte é um atropelo, uma verdade de mau gosto.
Nos acompanha passo a passo, nos absorve dia a dia.
A velha morte é um novelo, que se desenrola a contragosto.
É matéria que fica tapera, numa oração sem serventia.
É a sombra que não vemos... é a sobra que não vencemos.
A morte é uma viagem indesejada, um inimigo de convivência imposta.
É um desvario, uma insanidade... certeza que paira sobre a humanidade.
É o fim de uma caminhada, é fragilidade que fica à mostra.
Vive à espreita de nossa saúde, ora por nossas mazelas e desesperos.
Dorme ao nosso lado, habita nosso mundo, na busca por sono eterno.
Anseia por nossos descuidos, afronta os nossos desejos.
A morte debocha da vida, pouco se importa com céu ou inferno.
A morte é um verso mal escrito, uma voz desafinada...
É instrumento indefinido, melodia mal acabada...
É existência proscrita... é dança vil e descompassada...
A morte é uma traidora, beijando faces sem nem ganhar trinta moedas.
Sim, morte, o teu beijo não vale nada, mesmo custando vidas.
Não há conforto na dor, não há amparo na queda...
Não existe azar e nem sorte, somente final e partida.
Sim, morte, tu és bem pior do que Judas Iscariotes.
Paz aos que se foram... mas a morte não nos merece.
Luz para os que ficam, a morte é só uma ironia que acontece.


Caine Teixeira Garcia
Imagem: Google/Internet



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poste seu comentário