Minha verdadeira opinião está no blog, mas posto aqui a matéria referente ao assunto anteriormente tratado. Tirem suas conclusões.
http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2015/08/regionalistas-debatem-qualidade-musical-dos-festivais-4829994.html
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sábado, 22 de agosto de 2015
terça-feira, 18 de agosto de 2015
DESCULPE, MAS NÃO ESTAMOS COESOS
Tenho lido bastante a respeito da
manifestação do Sr. Juarez Fonseca. Em alguns casos, tenho opinado no perfil
dos amigos e conhecidos, quando vejo que tenho intimidade para tal. Minha
última manifestação havia sido aqui mesmo, no blog.
Contudo, ao ler a manifestação do
mestre Luiz Carlos Borges, referência musical dentro e fora do RS e do país e,
em respeito ao fato de que não temos uma intimidade maior, gostaria de ponderar
algumas coisas aqui, pelo meu cantinho mesmo.
Começo afirmando que, no meu
entendimento, não estamos coesos. Aliás, acho que estamos longe disso, uma vez
que coesão pressupõe uma certa ligação íntima, afinada, o que de fato não
existe em nosso meio e seus vários segmentos.
"Assuntamos" sim, como bem disse o
Borges, sobre o meio artístico-poético-musical, mas muito pouco. Quase nada.
Sempre na superficialidade (no que se refere ao envolvimento de grandes grupos,
ou questões realmente decisórias, que possam fazer alguma diferença). Uma prova
disso que estou afirmando, é o surgimento do movimento “Tchê abraça Rio Grande”,
que busca efetivamente um debate mais profundo sobre as questões que necessitam
ser tratadas no meio e que insistentemente são deixadas de lado, exatamente
pela falta de coesão, de alinhamento mínimo de rumos e estrada.
Estaríamos coesos se estivéssemos
buscando soluções para melhorar a vida e o trabalho dos artistas que promovem
nossa cultura, ao invés de termos que gastar tempo trocando ideias – e, em
algum momento, até farpas – devido a um texto totalmente infeliz escrito por
alguém que parece ter tirado o dia para achincalhar um movimento da maior
importância para nossa cultura, nivelando por baixo centenas de artistas,
inclusive aqueles que ora o estão defendendo.
A questão referente à coluna escrita
pelo Sr. Juarez Fonseca não se trata de um debate, pelo menos não para a
maioria das pessoas com as quais tenho conversado e outras tantas que me mandam
e-mails, mensagens e torpedos a respeito do assunto, deveras indignadas e
magoadas com o nível de abordagem e com o desprezo demonstrado pelo colunista
no que se refere aquilo que produzimos no âmbito festivaleiro.
Talvez o posicionamento de Luiz
Carlos Borges, devido ao peso cultural que ostenta e à envergadura de
importância que tem para o nosso meio (meio século dedicado à música e mais de
trinta registros fonográficos) possa aplacar e amainar as frustrações e
desencantos que andam por aí, na boca e no pensamento de grande parte dos
nossos artistas, em especial, aqueles que ainda não possuem uma carreira mais
sólida, um reconhecimento maior, uma vez que muitos ficam, digamos,
constrangidos de emitirem sua opinião, contrariando alguém de tamanha
influência. Mas essa frustração e esse sentimento de desrespeito também reverbera
entre os grandes da nossa cultura, e isso é certo. Não sou um destes maiores,
bem longe disso, mas também não gosto que me pisem no pala, e já que todo mundo
está no direito de dar sua opinião, eu entendo que o contraponto sempre é
salutar e pode dar uma visão melhor sobre outros ângulos, que às vezes fogem ao
umbigo do opinador.
Como bem escreveu o Borges, a
questão de músicas boas ou ruins, não vem de agora. E sempre existirá. Isso
acontece na exata proporção em que se aumentou a abertura de espaços (ainda que
bem menos do que o necessário) e que a produção musical hoje realizada no
Estado é infinitamente maior. O Robledo Martins bem lembrou em sua manifestação
sobre o assunto: antigamente o interior não tinha estúdios, gravar uma música
com um pouco de qualidade era um parto. Entrar nos festivais, então,
concorrendo com o pessoal da capital, cuja estrutura era bem maior, era quase
impossível. Mas as coisas mudaram. Os músicos do interior persistiram, aqueles
que não ainda não eram consagrados persistiram, e hoje nos brindam com seus
trabalhos, cujo crítico maior – e verdadeiro - é o ouvinte, o público.
Eu não conheço o conteúdo da tal “Carta
de Uruguaiana”, mas com certeza a grande maioria dos músicos que iniciaram
naquela época ou um pouco depois não se guiaram por ela, pelo que pude entender. Se assim fosse,
talvez não tivéssemos hoje um Luiz Marenco, ou um César Oliveira e Rogério
Melo, ou Jean Kirchoff, Anelise Severo, ou Sperandires, ou Nílton Júnior, ou Grupo Missões, ou Robledo Martins, ou
Xirú Antunes, ou Severino Moreira, Rômulo Chaves, Juliano Moreno, Daniel
Cavalheiro, Marcelo Oliveira, Nílton Ferreira ou tantos outros que eu poderia
citar aqui (e desde já peço escusas por utilizar os nomes como exemplos, é
somente a título de esclarecimento de minha “tese”), atuando no cenário poético-musical.
Ainda que o conteúdo da tal missa
possa estar recheado de boas intenções, certamente elas são extremamente
pessoais, revelando o posicionamento de um grupo específico, em detrimento do
pensamento dos demais. Em detrimento a um contexto. E hoje, ignorando uma
mudança de mais de trinta anos. Talvez aos olhos de outros, essa tal carta não
passasse de uma maneira de firmar aquilo que chamamos rotineiramente de “panela”...
será que não? Mesmo que inconscientemente?
Creio que seja uma questão de
ponto de vista, afinal, pelo que me chega de informações e pelo tipo de “alerta”
que dela se extraía, tal documento visava apenas ratificar uma certa maneira de
compor, dizendo o que era ou não bem
visto, ou o que estava errado, o que era chato, o que era mal construído, fora
dos padrões e conceitos daqueles que a escreveram. Ou seja, me parecer que tinha
por objetivo bitolar e direcionar a produção poético-musical, muito mais do que
orientar. Confesso que não tive oportunidade de ler essa “tábuas dos mandamentos
dos festivais”
Não obstante, lembro novamente
que alguns discos da Califórnia e outros festivais da época, apresentam músicas
com qualidade muito, mas muito inferior dos que a que temos hoje nos palcos de
festivais, mesmo naqueles de menor estrutura.
É, minha gente... no passado se
fazia muita música podre, sim... e elas ganhavam festivais, também. Com os jurados
da época... entendem?
Me causa estranheza, por
exemplo, fato de que grandes nomes do
nosso meio não debatem em público as questões estruturais dos festivais, como a
própria Califórnia, que deixou de ser um exemplo (vive sim, na memória cultural
do Estado, tem todo um significado e importância) para ser uma vergonha, onde
todo e qualquer tipo de absurdo acontece. Com depoimentos do pessoal da própria
cidade, inclusive. E outros tantos problemas que temos de cunhos estruturais,
financeiros e políticos.
Discordo também de Luiz Carlos
Borges quanto à questão de “involução” na música do Sul. Isso não é verídico. O
que temos hoje é mais produção, mais abertura, mais espaço (e digo de novo,
pouco perto do que deveria existir), e isso naturalmente aumenta o número de
músicas boas e ruins, faz oscilar a qualidade. Não é óbvio, isso? Isso não
acontece com todos os artistas do cenário nacional e internacional? O que dizer
então de um evento que, teoricamente, é aberto para o surgimento de novos
talentos... as pessoas estão proibidas de tentar, então? Não há chance para o
erro, para o estímulo, para o gosto particular e personalíssimo?
Se fosse pela cabeça de muitos dos
antigos, dos de antes (aos quais todos devemos respeito e reverência pelo que
fizeram até aqui, com certeza), não teríamos nunca novos talentos, uma vez que
grande parte deles consolidou sua carreira e hoje vivem tratando de fechar cada
vez mais seus grupos e acertos, buscando não dar espaço a ninguém que não lhes
seja de afeto pessoal, ignorando a capacidade e o talento dos que hoje estão na
batalha. Veja as contratações de shows para eventos oficiais e já matamos essa
charada. Diga aí, o que tem de novo??? Como o novo pode surgir se o que temos é
quase sempre, o de sempre? E de quem é a culpa?
Muitos destes que falo,
inclusive, têm se dedicado mais à política e aos bastidores de televisões e
eventos do que propriamente à uma produção que agregue algo para a cultura e
para a classe artística.
Se alguém souber me dizer ou
listar o que EFETIVAMENTE o Estado (em todos os governos) tem feito em prol da
melhoria dos festivais e da qualidade de vida dos artistas, me corrija aqui. Só
não vale falar em Editais da LIC, onde alguns produtores culturais e eventos
ganham bem mais do que os artistas (salvo os privilegiados), porque essa coisa
de LIC existe desde sempre. Estou falando em atuação, de interação, de levar o
debate real ao nível de profundidade em que é preciso. De apresentar
alternativas viáveis para que muitos artistas tenham outros espaços e outras
oportunidades além dos palcos dos festivais e do que deles decorre.
Embora respeitando, afirmo que profundidade
foi o que faltou, tanto na coluna do Sr. Juarez, quanto na manifestação desse
grande gaiteiro do Rio Grande. Isso é fato.
Contudo, embora Luiz Carlos
Borges seja um dos maiores músicos da história do nosso Estado, com larga
estrada cultural, não posso fazer como muitos e me calar em um momento em que o
nobre artista defende o tanto de bobagens e de ofensas que o Sr. Juarez Fonseca
publicou, afrontando toda uma classe, ainda que muitos estejam, agora, fazendo
vistas grossas. É preciso ser legítimo.
Veja que no rol de artistas que Borges
citou como importantes, não houve menção a Noel Guarany, Jayme Caetano Braun,
Luis Marenco, Joca Martins, Gujo Teixeira, e tantos outros que já citei
anteriormente.
Será que minha visão está tão
falha assim?
Ao meu ver, muitos dos problemas
de separatismo que temos hoje na música do Rio Grande, têm sua origem em tipos
de pensamentos como estes, alimentados pelo Sr. Juarez, lá atrás, e aos quais
hoje, pra minha decepção (mas com respeito a opinião), Luiz Carlos Borges
defende.
Vejam que são passados 35 anos e
parece que as cabeças não mudaram. Então, quem está errado? Quem é que está
imerso na mesmice? Quem é que está apostando na mesma fórmula de sempre?
É preciso que tenhamos
autocrítica sim, sempre. Mas isso também é personalíssimo. Assim como também são
os estilos e as maneiras de escrever e compor. É preciso respeitar e aceitar o
fato de que hoje temos sim, manifestações plenamente afirmadas em nosso cenário
cultural que não condizem, talvez, com aquilo que o Sr. Juarez (e os seus colegas
produtores da tal carta) entenda como perfeito ou aceitável.
E lembro: ainda temos muitos dos “antigos”
conosco, brilhando e encantando pelos palcos dos festivais, em todo o Rio
Grande.
Não podemos aceitar críticas
pessoalizadas ou direcionadas a uma classe inteira, ainda que em algum momento,
alguns de nós estejam “por cima da carne seca”. Muitos podem até fingir que
não, outros talvez não tenham o entendimento, mas o Sr. Juarez não poupou NINGUÉM,
salvo aqueles que, na parte menos amarga do seu coração, ele guarde com o
carinho que lhe seja possível demonstrar.
Mais do que isso, já disse em
manifestações anteriores... e não vou tecer comentários sobre possíveis
interesses escusos, porque seria muito gasto de energia.
É lamentável, sim...
MAS NÃO ESTAMOS COESOS, COM
CERTEZA.
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
JUAREZ FONSECA, ZH, RBS: QUEREMOS A RETRATAÇÃO!!!
A semana passada, para mim, estava sendo
perfeita (dentro dos padrões normais), até o dia em que fui “encaminhado” à
leitura de uma coluna escrita por um certo Juarez Fonseca, cujo conteúdo foi
compartilhado por Vinícius Brum, atual Presidente do IGTF. Confesso que não
entendi se o compartilhamento foi a título de dar conhecimento ou se foi realizado
como um apoio ao que escreveu o tal Senhor.
Se foi pela segunda opção que
citei, me caem todos os butiás dos bolsos... muito embora eu não deva ficar
surpreso, tendo em vista o tanto que tenho me manifestado acerca do assunto e
como entendo a atuação do Estado no que tange aos festivais. Em especial, à
forma equivocada dessa atuação, no meu entender.
Embora já tenha feito uma
postagem e alguns comentários no facebook sobre a opinião deste crítico da arte
sulina, vou dar uma “esmiuçada” sobre o que ele escreveu.
O nobre crítico (me desculpem,
mas minha memória falha quando ouço falar em seu nome, em detrimento à
importância que ele próprio afirma ter no meio artístico e cultural) afirma ser
um grande conhecedor do circuito dos festivais, tendo inclusive acompanhado o
auge destes, que ocorreu nos anos 80. De lá para cá, segundo ele, as coisas
ficaram estranhas... à partir daí, o colunista é ávido e contundente em
avaliações depreciativas, que englobam eventos e artistas de uma maneira geral.
Salvam-se as peles daqueles que ele julga como suprassumos da arte e que,
segundo ele, ficaram em um passado distante. Cita o calendário do IGTF, pouco
importando-se com a opinião que os participantes do meio têm sobre o tal instituto
e mais, sobre a real importância que este instituto tem para os festivais. Só
esse assunto já daria léguas de debate, indo muito além da mera
superficialidade.
Ao decretar que no máximo dez
festivais no Estado têm alguma relevância, demonstra mais do que
desconhecimento: carimba seu desrespeito para com a nossa cultura, ignorando a
importância que esses eventos têm para nossa formação social, cultural e
econômica. Demonstra que não entende a complexidade cultural existente no Rio
Grande do Sul, em especial no tocante às nossas características
poético-musicais. Com um pouco de má-fé, talvez, lega ao esquecimento o
envolvimento de comunidades inteiras ou grande parte delas com os festivais,
pouco importando o “tamanho econômico” destes, mas sim o legado que eles
deixam, ano após ano, perpetuando um movimento cuja magnitude ainda não foi
compreendida por cidadãos como esse tal Juarez Fonseca.
Ao dizer que o número de músicas
inscritas oscila entre 300, 500, já falha de novo, pois os grandes festivais
têm um número muito mais elevado de inscrições. Cito isso, somente para
demonstrar o nível de superficialidade e falta de conhecimento.
O crítico demonstra soberba e até
um certo autoritarismo, ao evidenciar sua antipatia com a liberdade de criação
e a livre inscrição, uma vez que chama os novos artistas, aqueles que estão
tentando entrar no meio de “concorrentes
sem experiência ou livre-atiradores em busca de evidência”. Eu até gostaria
de saber como se faz para participar de um festival sem tentar. A obviedade de
que alguém que hoje é renomado no meio, um dia foi inexperiente é tanta, que
essa sentença do citado colunista beira o ridículo, cheira a ranço
preconceituoso e “paneleiro”, pré-julgamento injusto e afetado por ignorância
de espírito e de conhecimento. Ânsias de privilégios descabidos aos seus.
Ao falar tanto da Califórnia,
poderia ter se demorado um pouco mais, e adentrado em alguns assuntos não muito
agradáveis que por lá aconteceram, dos quais todo o meio é conhecedor, e que
fazem com que esse festival, apesar da pompa e o espaço concedido pela mídia,
seja não mais do que mera aparência nos últimos anos, não servindo de exemplo
de conduta ilibada em quase nada. A referência técnica esmorece um pouco
mediante o meio pela qual ela percorre em alguns casos. Isso é fato.
Embora eu ache que muita gente
boa tem ficado de fora dos festivais, sou obrigado a discordar do colunista,
quando ele afirma que “poucos novos se
destacaram a partir dos anos 1990, imagine-se a que ponto chegou a questão da
qualidade.” Os amigos imaginaram isso? São 25 anos em que ele joga uma pá
de cal no que se refere ao surgimento de novos artistas, poetas, músicos,
compositores. Um quarto de século perdido, então? Com certeza não, meus
queridos amigos. Isso é somente mais um arroubo de prepotência, uma ânsia de
dizer/escrever algo, de proteger ou engrandecer talvez alguns amigos de seu
círculo íntimo. E da forma mais baixa que existe: desmerecendo os outros,
jogando no lixo o trabalho de centenas de bons artistas ao longo de vinte e cinco
anos. É uma pena ter que gastar tempo para evidenciar a obviedade da quase
senilidade desse colunista.
Querer pisotear o sentimento
atávico que existe no Rio Grande, a tentativa de perpetuar nossos costumes,
nosso passado e nossa gente, bem como tentar aplacar a liberdade de criação com
argumentos ou embasamento para tal é digno de pena, uma vez que o colunista se
apega ao seu próprio saudosismo para justificar sua motivação de atacar o que
vem sendo feito em termos de arte nos festivais. Talvez relembrando o seu tempo moço, onde possa ter tido alguma
relevância e importância para a cultura... contudo, talvez não tenha tido sucesso
em sua cruzada de paladino dos festivais, tendo em vista que muito poucos se
lembram dele, e que alguns, inclusive,
falam mal da sua pessoa. Isso está escrito nos depoimentos e comentários das
nossas redes sociais, não é “achismo” de minha parte.
Aliás, acho que o colunista,
talvez por encontrar-se meio ultrapassado em questões de tempo e espaço, tenha
subestimado a questão das redes sociais hoje em dia. Já não é mais possível
sentar-se atrás de uma mesa para escrever um monte de asneiras, que ofendam e
agridam pessoas, e achar que isso passará despercebido. Mais grave ainda quando
se ofende de forma covarde e irresponsável uma classe inteira.
Afinal, o que defende esse nobre
colunista? Quais são os motivos de seu saudosismo? Por que essa incapacidade de
olhar um pouco adiante do umbigo? Me parece simples motivação pessoal, nada
mais.
Alheio ao fato de que “Guri”, “Tertúlia”
e outras tantas músicas boas do nosso cancioneiro circularam por várias
triagens, o colunista se esmera em oportunismo baratão, numa afirmação
simplista onde diz que “há várias canções
ruins que circulam de festival em festival apostando em descuido ou despreparo
das comissões de triagem. E às vezes conseguem.” Que triste isso, que
afirmação infeliz... Nesse parâmetro, ninguém presta... nem o compositor que
roda em várias triagens, nem os jurados que aprovam músicas que foram deixadas
de lado em outros festivais. Sendo que muitas destas, inclusive, acabam
sagrando-se vencedoras ou premiadas nos eventos em que “emplacam”.
Deleitando-se no fel de sua arrogância,
o colunista parece sofrer de uma hemorragia de maus adjetivos e impropérios a
serem dirigidos única e exclusivamente àqueles que produzem música atualmente no
Rio Grande (inclusive os seus amigos, uma vez que muitos dos de “antes” seguem
na estrada), taxando-os de incompetentes, espezinhando as particularidades de
seus gostos musicais e, de quebra, achincalhando com aquilo que chama de “Rio
Grande de bombacha”. E um dos ápices de seus comentários “nada pessoais”, esse
Sr. afirma que “Em vez de buscar uma
canção melhor, o autor reaposta na própria ruindade.” Bárbaro...
Que forte isso. Quanta
ignorância, quanta prepotência, quanto desconhecimento e quanto absurdo
permitido pela Zero Hora por parte de um colunista que sequer conhece o chão
sobre o qual está cuspindo.
Os festivais têm sim, produzido
grandes clássicos, deles têm se originado grandes talentos e música muito, mas
muito boa.
O colunista, parado no tempo em
que estacionou seu umbigo, esqueceu que a maneira como a música se propaga hoje
é diferente. Hoje, todos consumimos mais música e temos um acesso muito maior a
tudo o que é feito no Rio Grande. Diferentemente do que acontecia
anteriormente, onde apenas alguns festivais eram de conhecimento público. Hoje,
é muito mais difícil uma música tornar-se um “clássico” na forma como colocamos
essa palavra, uma vez que existe um número muito maior de produção artística,
para todos os gostos, idades, conceitos e entendimentos. Mesmo com as falhas
existentes no tocante à distribuição e divulgação do que é feito nos palcos dos
festivais, o povo tem tido mais oportunidade de conhecer o que é feito no meio,
já que praticamente TUDO é difundido pelas redes sociais, youtube e demais
ferramentas da internet hoje em dia.
Digo mais: muito do que foi
produzido anteriormente, talvez não vingasse hoje em dia. A coisa não mudou
muito não, ainda mais se olharmos pela visão do tal Juarez Fonseca.
Sou conhecedor das produções
antigas de festivais e sei que, num antigo “LP”, tínhamos umas duas ou três
músicas boas e o restante mal dava para se ouvir... isso, logicamente, talvez só para o
meu gosto.
Mas como a gente já sabe, o gosto
é algo particular... querer impor o que achamos, pensamos e gostamos (ainda mais quando advém de
qualidade duvidosa no entendimento de muitos) por meio de um espaço na mídia,
pondo por terra a produção e o trabalho de pessoas que investem, se doam e até
mesmo arriscam suas vidas em prol de manter nossa arte e nossa cultura não só é
triste, como também é vergonhoso, ultrajante e, deveras, passa dos limites minimamente aceitáveis.
Vi pessoas do meio defendendo o
colunista e inclusive dizendo que aqueles que não gostaram do que ele escreveu
não poderiam pessoalizar o debate, que ele é culto, entendedor... para mim, tanto pior. Nessas horas, eu me pergunto em que mundo essas pessoas
vivem. Quem pessoalizou o debate (em cada um dos que trabalham com poesia e
música nativista, seja na forma que for) foi o colunista. Não há como ler tanta
falta de respeito e ficar calado. Pelo menos, para quem não tem sangue de barata, ou não quer posar de "intelectual moderado e elegante".
Além disso, ao ser minimamente
criticado, esse Sr. mostrou um desequilíbrio total e um desrespeito maior
ainda, como já era de se esperar. É fácil ser pedra, difícil mesmo é ser vidraça.
Os festivais têm muitos, mas
muitos problemas mesmo. A contribuição é maior, ao meu ver, quando debatemos
estrutura, transparência, critérios, regras e participação do Estado nas
atividades. Isso agrega, fortalece e faz as coisas avançarem. Muito embora o
Estado pareça estar preocupado com outras coisas, que não os festivais. Fotos
em eventos parecem ser mais aprazíveis e benéficas (não sei para quem) do que
fomentar bons debates e efetivamente buscar soluções juntamente com municípios,
entidades, produtores culturais e artistas envolvidos.
A qualidade, por si só, se manterá
ou não. O povo e o tempo é que são capazes de afirmar o que veio para
contribuir, o que soma e o que fica de legado. Um homem só, e rancoroso,
ainda... duvido muito que seja capaz.
Na ânsia da autoafirmação, sobrou
para Nico Fagundes, Paixão Cortes, Barbosa Lessa... é lamentável...
Me sinto envergonhado pela
atitude desse Sr., que me parece ter motivos meio torpes para tecer tantos
comentários infrutíferos, infundados e depreciativos contra aqueles que são
colegas dos artistas sobre os quais ele aparente ter algum interesse comercial
ou coisa do gênero.
Por atitudes como essas, pela
abertura de espaços a esse tipo de gente, é que nossa cultura e nossa música
ainda sofre tanto, e encontra barreiras
dentro de nossa própria aldeia.
Os artistas nunca foram e nunca
serão a causa de possíveis insucessos dos festivais. Já, os oportunistas e
irresponsáveis de plantão e os “mamadores de teta” dos cabides de emprego
existentes e perpetuados pelos governos há séculos, estes sim. Análises que não saem da superficialidade são mero engodo tendencioso. Compreender os festivais em toda a sua complexidade vai muito além disso. A cultura como um todo, tocada por eles, nem se fala.
Da Zero-Hora, o mínimo que se
espera é uma grande retratação, uma vez que a baixaria promovida por esse tal
Juarez Fonseca atinge, inclusive, programas exibidos em sua grade de
programação, onde grandes artistas oriundos do meio festivaleiro se apresentam,
levando ao povo gaúcho nossa arte, nossa cultura e nossa tradição. Uma coisa é
fazer a crítica, atuar como crítico, seja lá do que for. Outra, bem diferente,
é atacar gratuitamente toda uma classe, de forma torpe e, para mim, covarde e
injustificável.
Será que é esse o tipo de opinião
que caracteriza a ZH? A RBS prima pela falta de bom senso, então? Dar espaço a rancorosos que buscam alguns minutos de atenção é sua prioridade?
Não fosse pelo que atinge e prejudica sua
imagem de empresa gaúcha e identificada com o Rio Grande, a RBS/ZH deve exigir a retratação desse tal Juarez Fonseca por respeito e dignidade
devidos aos nossos artistas e à nossa gente.
Enviarei este texto, por e-mail,
ainda hoje.
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