Somos vítimas de envenenamento a partir
do momento em que deixamos o ventre de nossas mães. Ou, porque não
dizer, até mesmo nos momentos em que lá habitamos. E não estou me
referindo à alimentação ou ingestão de coisas pela matéria, mas sim,
pela alma, pelo espírito.
As negatividades que nos circundam, os
maus fluídos, as falsidades e as incorreções de caráter à nossa volta
certamente são doses fortes de um veneno que, aos poucos, vai
prejudicando, sufocando e maltratando aquilo que realmente somos: seres
de luz!
Esse não é um texto de autoajuda, mas sim de palavras de constatação.
No seio familiar temos os exemplos que moldam nossa educação, nossa
personalidade, nosso caráter. Quando crianças, ouvimos a palavra “não”
infinitamente mais do que a palavra sim, pois necessitamos ser
corrigidos em nossas atitudes, a fim de que saibamos o que é melhor para
nós e também o mais adequado para que vivamos em sociedade.
Mas
somos quem somos, temos o nosso espírito, que é atemporal, e com o tempo
vamos criando um filtro e um senso do que é correto ou não, adequamos
os ensinamentos na medida daquilo que entendemos por ser justo e certo.
A bagagem que trazemos a cada vez que visitamos o plano material também
nos norteia, tendo algum peso durante o processo que nos molda.
É
certo que em algum momento, aquela frase “faz o que eu digo mas não faz o
que eu faço” ganha sentido em nossas vidas, especialmente ao
analisarmos conselhos e atitudes de pessoas que nos são caras e
próximas. Percebo que a decepção é algo inevitável em nossa trajetória. E
precisamos entender que ela só existe porque tem origem em algo de
incorreto que percebemos nas atitudes de alguém que amamos, nas
imperfeições daqueles a quem queremos bem. Aquelas pessoas pelas quais
não temos apreço não nos causam decepções.
E assim vamos indo...
nos envenenando aos poucos, com essas decepções, com as traições, com os
maus exemplos, com os infortúnios de nossa humanidade!
A falta de
atenção e o desamor nos envenenam, nos tornando mais duros e ásperos,
angustiados, aflitos e carentes, sujeitos a cada vez mais armadilhas do
destino e, consequentemente, a novos cálices de veneno.
Falsas
amizades nos tornam desconfiados e céticos, muitas vezes nos deixando
incapazes de confiar novamente. Esse é um dos piores envenenamentos,
sendo a amizade essencial para o ser humano e sua evolução. Sem amigos,
pouco somos...
Durante nossa caminhada terrena somos envenenados
diariamente: fartas e pesadas doses de cobiça, preguiça, desleixo, ódio,
conflitos, inveja, luxúria, ganância, mentiras, rivalidade,
incoerência, etc, etc, etc.
Contudo, o processo evolutivo tem sua
sabedoria. Aqueles que conseguem vencer essas barreiras acabam se
tornando imunes a esses envenenamentos. Ou, pelo menos, amenizam seus
efeitos, pois o veneno tem em si o remédio, e o sofrimento traz em si a
redenção.
Um coração machucado definitivamente se torna mais
qualificado para amar, e acaba sendo preenchido por quem realmente
merece, por aquilo que efetivamente lhe faz bem: o amor.
Acabamos
aprendendo a valorizar as verdadeiras amizades, entendendo que esse é um
sentimento que deve ser cultivado e priorizado sempre em qualidade, e
não em quantidade.
A vida acaba nos ensinando a driblar as
armadilhas, a diferenciar o certo do errado, ainda que através da dor. E
as cicatrizes que ficam nos lembrarão de nossas vitórias, de como somos
fortes e capazes de lutar por aquilo que realmente vale a pena.
Somos envenenados sim, dia após dia. E esse envenenamento é a nossa cura.
Cada sorriso verdadeiro é a cura para o veneno da tristeza. Cada abraço
sincero é um tratamento contra a falsidade. Cada gota de amor
compartilhada é um pouco de cura para tudo de ruim que existe nesse
mundo tão maravilhoso e ao mesmo tempo tão difícil de ser vivido.
Somos seres de luz. Portando, a cura para todos os males está em nós, no
amor que possuímos e na capacidade que temos de absorver os venenos do
mundo, os transformando em bênçãos para nós e para todos aqueles que
amamos.
Sorria, cante, dance e agradeça pelos dias vividos e por
aqueles que ainda virão, pois tudo que é ruim há de passar. No fim,
restarão somente as coisas boas. Todo fel será transformado em paz.
Basta escolhermos o caminho do bem, que é a cura para todos os males.
Eu creio! E tu?
Caine Teixeira Garcia
Imagem: autor desconhecido/Google