Um assunto que sempre me intriga,
é a maldade do ser humano. Talvez pelo fato de que aprendemos, desde cedo, que
o Homem foi feito à imagem e semelhança de Deus. Por óbvio – pelo menos para
mim - , isso me assombra, pois mediante tantos fatos e acontecimentos horríveis
que vemos todos os dias nas manchetes de jornais, pelo tanto de abusos e
perversidades que ocorrem no mundo real e que hoje, de forma quase instantânea,
inundam o noticiário virtual, quase que me obrigo a crer que, então, Deus é
pura maldade. Não obstante os argumentos que surgem a respeito de
livre-arbítrio, das questões e teses cármicas e expiatórias que são invocadas
para que tenhamos uma “luz no fim do túnel” acerca do tema, me parece que o
vazio entre as palavras e a realidade é imenso, ao mesmo tempo em que a lógica
aplicada é deveras perigosa, uma vez que, sempre que me detenho em análises
sobre o assunto (mediante este prisma),
acabo chegando a angustiante conclusão de que Deus talvez seja um ser
extremamente poderoso e... sádico!
Blasfêmia? Pensamentos absurdos?
Acho que não... Deus nos dotou de grande inteligência como fator de diferenciação
das demais criaturas. É o que dizem os cientistas e estudiosos. Assim sendo,
não creio que estes tipos de questionamentos e dúvidas possam ser considerados
como algum tipo de “pecado” mortal ou afronta ao nosso Criador. Prefiro
acreditar que ainda não tenho o conhecimento e sabedoria necessários para
entender determinadas coisas e, assim sendo, enquanto não alcanço este nível, me entrego a
Deus na exata medida de minha crença, apostando todas a minhas fichas que de alguma
forma, ele não tem nada a ver com a maldade humana. Não da maneira como achamos. Creio que tudo isso irá se justificar um dia, de uma forma extremamente plausível e simples, mas que ainda está muito longe de nossas percepções e capacidade de entendimento.
Alguns textos – inclusive bíblicos
– afirmam que Deus é vingativo. Se realmente for, estou perdido. Mas tenho
absoluta certeza de que isso não é verdade. Vingativo é o homem, aquele que ainda não encontrou Deus em si. E não posso culpá-lo de um todo, uma vez que não se trata de tarefa
fácil. Muitos passam uma vida tentando tal encontro, sem lograr êxito.
A maldade humana é impossível de
ser medida.
O seu lado mais cruel não pode
ser medido pelos rombos na Petrobrás, que desviaram bilhares de reais para
bolsos particulares, deixando às moscas nossa saúde pública, nossa educação,
nosso bem-estar. Não pode ser imaginado pelas pessoas que morrem dia após dia, vitimadas pela fome, pela doença, pela ganância, pela discriminação, pelo ódio...
É impossível medir a maldade humana com a régua da decência, constantemente quebrada pela corrupção, pela
falcatrua, pelo toma lá, dá cá, pela máfia das próteses, pelos advogados que não honram sua
profissão, pelos engenheiros que não se preocupam com o “peso” de suas obras,
pelos jornalistas que vendem sua alma por notícias imorais, mentirosas ou
tendenciosas, ou por qualquer profissional que parte pelo caminho avesso aquele que,
um dia, se propôs a trilhar.
A maldade foi internalizada e
muito bem compreendida pelos partidos do “eu sozinho” ou do
#temojuntonapicaretagem.
A maldade humana é imensa. São sesmarias
de abominável conduta. Um índole que nos acompanha desde o nascimento. A
maldade é inerente ao ser humano. É sempre uma opção. Só é barrada pelo
convívio social e suas regras. E não muito.
Todos têm em si um “Estado
Islâmico”, ainda que não desenvolvido ou alimentado, mesmo que em pequenas
proporções.
Uma salva de palmas aqueles que
contrariam tudo isso que acabo de escrever. Uma salva de palmas às exceções.
Com certeza não somos parecidos
com Deus. Somos uma criação sua, cujo aperfeiçoamento está longe de chegar ao
fim, em qualquer instância.
Ainda não sei se o que eu compreendo me assusta mais do que aquilo que ainda não entendi.
Mas acho que a melhor maneira ainda é crer... nem que seja, duvidando.