VISITANTES

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

UM POEMA NO SUL


 

OS "DEZES"... VOU TORCER PARA A ARGENTINA

Eu torci muito pra Neymar ganhar uma Copa. Especialmente essa. Acho que ele merece, pelo gênio da bola que é, por ser o maior jogador brasileiro - e um dos maiores do mundo - em atividade há pelo menos uns doze anos. Aliás, ele é um dos únicos motivos pelo qual o futebol brasileiro ainda é celebrado e respeitado mundialmente. Ninguém mais acredita naquela frase enganosa que diz que o Brasil é o país do futebol. Só alguns brasileiros. É bem verdade, fora de campo Neymar às vezes parece não tomar as melhores decisões. Mas isso não influencia em nada o seu talento nos gramados. Estou falando de talento. O desempenho, talvez, em alguns poucos momentos. 

Mas é muito recalque e mimimi em cima do cara. 

Eu torci muito para o Brasil vencer essa Copa. Mas estava visto que não ia dar. Que não iria acontecer. A sensação de que não há um comando eficiente é muito forte, é muito presente. Quando o técnico acha que existe a possibilidade de vencer apenas pelo talento, sem um mínimo de garra e coletividade, o sonho se torna inviável. Coletividade não é todo mundo se abraçar e se amar. Coletividade é, mesmo a contragosto, fazer o que precisa ser feito por um objetivo comum. Há tempos o Brasil não tem coletividade.

E também não tem esse talento todo que os últimos técnicos entendiam que tinha.

No futebol, é preciso começar pelo básico. E o básico numa seleção é convocar os melhores. Por exemplo: quando temos Daniel Alves convocado e Scarpa sequer cogitado, já é possível prever o insucesso. Não somente por esses fatos em si, mas principalmente pelo "modus operandi" que eles escancaram. 

Neymar é um 10 genial que caiu numa geração que não lhe oferece parceiros à altura na seleção. E nem um técnico suficientemente inteligente que consiga montar um time competitivo. 

Jogadores habilidosos que têm que marcar, marcadores que têm que armar jogadas, improvisos. Isso como regra em uma seleção é a chave para o insucesso. Tem sido a nossa chave.

O Brasil não evoluiu no futebol. Não avançou um milímetro no entendimento desse esporte, ao contrário das outrasseleções. Segue produzindo bons jogadores, mas ultimamente nada de excepcional. Neymar é o último 10 de respeito que surgiu nos últimos tempos. É o único extra-classe que temos. Um dos jogadores mais caros e bem pagos da história, respeitado e reverenciado pelos maiores gênios do futebol, sejam eles jogadores, técnicos ou comentaristas. Mas é incrivelmente odiado pelos brasileiros. Porque pinta o cabelo, porque é rico, porque faz dancinha, porque respira, porque apanha...

Pra mim, isso é surreal.

O último dez do Brasil, até que tenhamos um milagre. 

Dito isso, vou fazer algo que não fiz até hoje: torcer para a Argentina. Não pela Argentina, mas por Messi. Os hermanos costumam jogar um futebol que não me agrada. Confundem raça com jogo sujo, são demasiados prepotentes e deselegantes. 

Mas vou abrir uma exceção. Messi está em outro nível, outra prateleira. Consagrado o melhor jogador da história depois de Pelé, ainda não venceu uma Copa, o que o torna também incrivelmente questionado em seu país - e no mundo - apesar de tudo o que já conquistou. 

Messi é o oposto daquilo que habitualmente caracteriza os hermanos: é humilde. 

Messi é o grande gênio da era moderna do futebol. E um dos maiore de todos os tempos. Estamos presenciando os últimos atos de uma carreira sem retoques, de um ser humano diferenciado, muito acima da média. A história sendo escrita.

Jamais torceria para Mbappé, que para mim representa tudo aquilo que os brasileiros dizem detestar em Neymar: é mimado, arrogante, prepotente. E não serve nem pra amarrar as chuteiras de Neymar, nem de Messi.

Eu pensei que não era possível, mas é. Vou torcer para a Argentina. 

Os deuses do futebol devem uma copa para o Messi. Que seja paga no domingo. 

E que haja tempo para pagarem Neymar também. 

Messi tem 7 bolas de ouro. Deveria ter cinco.ou seis. Neymar não tem nenhuma, merecia ter conquistado duas. Coisas do futebol. Dois gênios cujos talentos dificilmente serão equiparados tão cedo.

Cristiano Ronaldo é exuberante. Mas não é um dez.

Que a vitória da Argentina sirva de lição para o Brasil.