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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O LADO ESCURO DA SOMBRA

Poema premiado com o segundo lugar na 20ª Quadra da Sesmaria da Poesia em Osório!
Intérprete: Jair Silveira
Amadrinhador: Willian Andrade
Créditos do vídeo: Paulo Ricardo Costa

terça-feira, 15 de setembro de 2015

GRÊMIO, NADA PODE SER MAIOR!



Hoje o dia é tricolor. Dia da maior torcida do Rio Grande do Sul. Peço que os amigos colorados não esbravejem, não façam beicinho e nem se revoltem. Afinal, todos sabemos que isso é verdade.
Contudo, não digo isso como uma “alfinetada” ou provocação (ou, pelo menos, não só com esse intuito). Como gremista, essa verdade representa muito mais. Representa a história de um clube multicampeão, que soube sobreviver e ressurgir de seus “infernos astrais” sem perder a grandeza e a galhardia.
E que está sabendo se reinventar.
Ser gremista, ao menos para mim, transcende a maioria das explicações racionais. Aliás, os esportes como um todo, parecem ter esse poder. E o futebol, mais ainda. Só não confundam isso com questões animalescas praticadas por vândalos, marginais ou imbecilóides, do tipo que sempre aparece em notícias trágicas ou vergonhas na televisão.
No momento em que presenciamos um futebol cada vez mais chato, burocrático e com o politicamente correto aplicado somente quando convém a determinadas e específicas situações, e com arenas maravilhosamente modernas, mas que ainda deixam saudades daqueles “caldeirões” antigos, o meu tricolor se supera.
É definitivamente o clube mais apaixonante do Brasil. E do mundo. Não é nem preciso falar que o fardamento é o mais lindo de todo o futebol mundial. Disso, também todos nós sabemos.
Ser gremista é viver uma paixão eterna, um amor incondicional. É amar xingando, ter raiva idolatrando, chorar de felicidade, sorrir diante do infortúnio e sempre, sempre, ter aquela sensação boa e indescritível quando toca o hino do time, quando o narrador grita gol, quando o jogador faz uma jogada maravilhosa ou dá um carrinho no adversário, naquela típica “jogada pra torcida”... é acreditar que ninguém veste o manto tricolor sem apaixonar-se pelo clube e por sua trajetória de glórias e de lutas.
Ser gremista é ser incompreendido, pois só quem é gremista sabe que esse amor não é passível de compreensão por parte de quem não possui essa grandeza que, por opção, vocação e dádiva, ostentamos. Que ninguém se ofenda, por favor. Mas no meu entendimento, somos os melhores e mais abençoados torcedores, embora respeite opiniões contrárias.
Ser gremista é ser mais que um simples torcedor. Para mim, o verdadeiro gremista é exigente, crítico, não aceita as limitações de uma forma pacata, pois sabe a real dimensão do Clube, da Instituição e de sua história.
Ser gremista é ser corneteiro, zombeteiro, pedante. Ou quieto, introspectivo. Mas sempre apaixonado. Sempre guerreiro. É ser supersticioso, ou até um tanto displicente. Mas sempre meio (ou bastante) passional.
Ser gremista é entender e viver o lado bom do futebol. E também é ficar triste por esse esporte funcionar menos como ferramenta transformadora de vidas e realizadora de sonhos do que como um ninho de transações mirabolantes e questionáveis.
É não deixar a razão de lado quando as coisas estão do avesso. É não apoiar as falcatruas das cartolagens, que pouco se importam com os sentimentos dos torcedores, que são a razão de ser de um time de futebol.
O bom gremista já vem de berço. Ainda que ele descubra isso depois de adolescente, de adulto. E um gremista jamais se vende, pois o verdadeiro amor não tem preço, não é negociável, é indelével.
Ser gremista é não desmerecer a paixão dos outros. Quem ama de verdade, não precisa disso. Somos gremistas, e isso nos basta.
Tem horas em que nós, seres humanos normais, deixamos o futebol meio de lado, por várias razões. Aliás, não creio que o futebol seja – ou deva ser – prioridade para alguém que não atue na área ou em questões afins. Isso certamente não seria salutar.
Mas isso vale para o futebol, não para o Grêmio. Esse está sempre no coração, na alma, no pensamento, nas lembranças e projeções de futuro. E nosso futuro, inclusive, parece estar sendo pintado e escrito com muitas glórias e conquistas, tão importantes quanto aquelas que já foram timbradas e impressas nas páginas vitoriosas da história gremista.
O Grêmio merece novos dias maravilhosos. E sua torcida agradece.
Hoje é dia de comemorar, é dia de extrema alegria. 112 anos, muito bem vividos.
Gracias meu Grêmio! Que venham muitos anos mais, estaremos sempre juntos, aumentando cada vez mais essa torcida, essa paixão, esse amor!
Nada pode ser maior.
Com o GRÊMIO, onde o GRÊMIO estiver.






quinta-feira, 3 de setembro de 2015

EU CHOREI

Eu hoje chorei. Simples assim. Mas nem tanto.
Chorei igual a muitos amigos e desconhecidos, que, como eu, ainda possuem um senso mínimo de humanidade no peito e na alma.
Chorei hoje, pelo mesmo motivo de ontem: a morte de um menininho. A morte de um anjo. E quando escrevo anjo, é acreditando no sentido da palavra.
Não se trata de uma morte “comum” (se é que isso e possível), mas sim, de uma morte cruel, agonizante, desumana e inacreditável, que parece ter abalado o nosso mundo globalizado, que vem fazendo pouco caso do que está acontecendo com aquela parte do planeta... e outras tantas.
É definitivamente chocante a imagem daquela criança de três anos, na areia, como se fosse um lixo, um animal qualquer... e não que seja menos triste ou desumano deixar um animal morrer daquele jeito. Mas estamos falando de um ser humano, ainda repleto de inocência pura.
Mesmo procurando e apontando culpados, o mundo sabe de quem é a culpa.
Sim, ele sabe que a culpa é sua. Única e exclusivamente.
De há muito não se via uma imagem tão impactante... aliás, acho que igual a essa, eu nunca havia visto. Tão direta, tocando tão fundo na alma, na consciência.
Coincidentemente, um dia antes, eu olhava com meus filhos algumas fotos onde eu ofertava meu colo a eles, quando ainda eram bem menores. Desse jeito, dormíamos, no conforto de nosso lar e na paz que Deus nos permite ter, até hoje. Porque nossos problemas são nada se comparados aos que esses nossos irmãos atravessam.
Sim, meus amigos, eu chorei com vontade.
Contudo, a julgar pela comoção que tenho visto e acompanhado em redes sociais, jornais, sites e afins, aquela imagem não condiz com o pensamento fraterno e de solidariedade da maioria. Mas eu me pergunto: que maioria é essa? Como somos capazes de permitir que algo assim aconteça? Somos maioria mesmo? Como países poderosos da Europa veem essa situação sem tomar uma atitude, mínima que seja, para impedir tais fatalidades?
De que serve a educação e riqueza de uma Alemanha, por exemplo, se ninguém faz nada para  ajudar de verdade aos seus iguais?
Que mundo é esse com o qual compactuamos?
Para piorar, essa morte que hoje nos parece tão mais desconfortante do que outras milhares sobre as quais temos notícias todos os dias, é somente a ponta de um iceberg de cuja existência todos têm conhecimento, mas sobre o qual evitam tomar atitudes fortes e reais de interesse humanitário.
É inevitável que eu fique me perguntando porque seres inocentes e puros tem que ser as vítimas de uma barbárie assim, enquanto os verdadeiros culpados por tamanhos absurdos permanecem ceifando vidas e praticando o mal por tempo totalmente indeterminado e, via de regra, impunes.
Chorei muito ao ver aquela criancinha inerte na areia. E tenho certeza que o mar, ao seu jeito, também está sofrendo por ver-se envolvido em tamanha tragédia. A natureza não se presta a esse tipo de desserviço. O Homem sim.
Chorei pela lembrança de tantas e tantas crianças e adultos que morrem tão absurdamente quanto aquele menininho, em nosso país, em nosso estado, em nossa cidade... em nosso bairro. Também vitimados pela falta de humanidade.
Chorei pelo pai dela, que certamente haverá de conviver com uma dor sobre a qual ninguém jamais poderá, sequer, aproximar-se de entender a real dimensão.
Chorei pelos sonhos que ficaram ali e que não mais serão realizados... pequenos sonhos, ainda... talvez um brinquedinho melhor, um abraço mais carinhoso, um lanche mais gostoso, um colo em segurança... uma vida menos sofrida... um dia de sol ou somente a oportunidade de seguir sorrindo, correndo e brincando, ainda que precariamente. Somente isso, talvez.
Chorei pela minha inutilidade, pela minha impotência diante de situações como essas.
Chorei de raiva. De desespero. De dor. De tristeza.
Chorei de vergonha.
Somos verdadeiramente incapazes de nos vermos e nos tratarmos como irmãos. Isso é fato. E desse fato, decorrem mortes e absurdos iguais a esses, que afrontam o real sentido de humanidade, fraternidade, amor e compaixão...
Aquela imagem é dura demais. E não sai da minha cabeça. Fico pensando naquele anjinho com frio, assustado, desamparado, a espera de ajuda para si e para sua família... e me deparo com o que foi feito de suas esperanças... e das esperanças dos seus.
Como a vida pode ser tão cruel? Nesse caso, vou por na nossa conta. Na conta da humanidade.
Quanto tempo irá durar essa comoção, à nível mundial? Será que essa morte trágica  e essa imagem triste serão suficientes para fazer movimentarem-se as peças que devem agir, a fim de dar um basta a tudo isso? Com certeza não. Muitos umbigos tornaram-se maiores do que o interesse coletivo, estão acima daquilo que deveria realmente importar.
Infelizmente, coisas piores certamente escapam aos olhos do mundo que as deveria ver. E o lado obscuro desse mundo, faz vista grossa.
Não há como falar nesse assunto de forma leve, porque o conteúdo e pesadíssimo. E tenho a impressão de que ele acabará caindo no esquecimento, como um outro assunto qualquer. E isso é ainda mais triste.
Os olhos que vidram meus filhos estão marejados.
Deus abençoe aquele anjinho. Deus nos faça melhores e nos permita a ação em auxílio do próximo, sempre que pudermos. Que tenhamos energia para isso. Que possamos contribuir de alguma forma para tornar a vida de alguém melhor.
Eu chorei sim. E hei de chorar sempre que lembrar daquela imagem, sobre a qual não pude fazer nada. E sobre a qual, com certeza, também tenho uma parcela de culpa.
Vou orar pelo menino, pela família, pelo pai... e por tantos outros que ainda estão sofrendo por essa incapacidade que o ser humano possui de ajudar ao seu próximo, mesmo sabendo que isso pode custar vidas. E vou agradecer pela segurança de minha família. Mas não sem um sentimento de culpa.