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domingo, 6 de março de 2022

A GUERRA

Assim como toda a briga, toda a guerra é insana. Só existe justificativa na defesa. De resto, é a demonstração derradeira de retrocesso, de involução, de incapacidade de diálogo, de liderança, de arrogância,  prepotência. É a personificação e o encampamento da maldade.

Há décadas sabemos que a primeira vítima em uma guerra é a verdade. Aliás, essa frase inspirou o título do livro "A Primeira Vítima", que contém 600 páginas onde o jornalista, correspondente de guerra e também especialista em espionagem Phillip Knightley, relata como o jornalismo colabora com essa questão triste, usando e sendo usado para disseminar mentiras durante conflitos. Na guerra, cada lado tenta distorcer as informações e os fatos, com contorcionismos muitas vezes bizarros,  a fim de levar vantagem sobre seu oponente. 

Tudo muito errado, muito insensato, mas seria menos ruim se não existissem outras vítimas.  Vítimas de carne osso. Que sangram. Que perdem entes queridos. Que perdem sua liberdade, seus direitos, sua dignidade.  Que morrem. Que diferentemente da verdade, muitas vezes não podem ser resgatadas.

Vivemos em um mundo habitado por quase 8 bilhões de pessoas. Vivenciamos o avanço magnífico e inconteste da ciência e da tecnologia mas, em contraponto, parece que avançamos a "passos de lesma" no quesito empatia, nas questões humanitárias, de solidariedade e fraternidade.

Isso ficou claro demais durante a pandemia, onde bilionários ficaram ainda mais ricos e o trabalhador assalariado, a classe média e as pessoas em situação de vulnerabilidade ficaram ainda mais pobres. Os bilionários do mundo têm mais riqueza do que 60% da população mundial.

No Brasil, estudos revelam o seguinte:

1. Os 10% mais ricos no Brasil ganham quase 59% da renda nacional total;

2. Os 50% mais pobres ganham 29 vezes menos do que os 10% mais ricos;

3. A metade mais pobre no Brasil possui menos de 1% da riqueza do país;

4. O 1% mais rico possui quase a metade da fortuna patrimonial brasileira.

Estamos em pleno século XXI. Dados como esses são alarmantes. O que isso tem a ver com as guerras? Tudo, simplesmente tudo.

As guerras nascem pela ambição e a busca desmedida por poder, por dinheiro, as custas de subjugação e desigualdades.

Hoje estamos estarrecidos com a guerra na Ucrânia, mas o mundo vive em guerras "eternas". Apenas não há essa divulgação toda. A África é um continente assolado por conflitos internos e externos, por exemplo.O Iêmen, um dos mais pobres entre os países árabes, está há anos numa violenta guerra civil.

Grandes potências, em especial os EUA, patrocinam e incentivam a guerra ao redor do mundo. E já foram vítimas dessas suas atitudes inqualificáveis. O planeta ainda convive com ditadores que simplesmente impõem sua insanidade ao seu próprio povo.

Muitos ainda alimentam o sonho de subjugar outras nações,  como se fazia antigamente, de forma bárbara e atroz.

O mundo faz vistas grossas quando quer.

Fazemos isso quando não é no nosso quintal.

O problema é que hoje em dia tudo é quintal. Mais cedo ou mais tarde, a guerra pode bater à nossa porta. Seus efeitos e consequências já o fazem.

O ser humano parece ter uma mola propulsora nos seus instintos para a guerra e o conflito. "O que é demais nunca é o bastante", já dizia Renato Russo. 

Nós, habitantes "comuns" desse planeta que está sendo destroçado por aqueles que dependem dele para viver, assistimos impotentes, estarrecidos e resignados a morte de milhares de irmãos.  

Pais se despedem de suas famílias rumo à um caminho de dor, muitas vezes sem volta. 

Hospitais são destruídos, mulheres e crianças são estupradas e mortas, idosos sao empilhados nos escombros.Cultura, arte e história de nações são riscadas do mapa, sem um mínimo de arrependimento, no auge da insensatez.

Na guerra, a vida não vale um vintém.

Na guerra não há vencedores, pois os conceitos não condizem com humanidade. 

Está claro que não precisamos de governantes. Necessitamos de líderes de verdade.

Somos culpados por essas guerras. E pelas guerras que estão por vir. Seja por ação, seja por omissão.  Somos culpados por não fazermos nossa parte,  por alimentarmos essa cultura do medo, da barbárie, do poder, de desigualdade. 

Que um dia os exércitos do mundo sejam de paz.

Oremos.

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