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sexta-feira, 3 de março de 2017

QUANDO XINGAVAM A MÃE


Na minha época, quando se xingava a mãe, a guerra estava declarada. Era um ultimato. Um limite moral estabelecido. Definia até que ponto a gente iria em uma briga. Muitas boas amizades não vingavam por um pronunciamento afoito nesse sentido.
Com a irmã acontecia algo bem parecido. Uma raiva e um desaforo menos intenso, mas tão inaceitável quanto.
Na minha época era assim.
Muita gente ri, acha que é mentira, mas o desafio do cuspe também existia. Cuspia-se no chão e quem pisasse primeiro enfiava a mão nos beiço do outro. Simples assim. O final ninguém sabia. Mas havia honra em cumprir o rito.
O te espero na saída: promessa cumprida ou vergonha total.
A rua de tal lugar contra a rua do lugar x.
A pelada no campinho de cima, onde os times já eram formados pensando no final: peleia. Até o mais covarde ia na onda, pra não ser achicado depois.
O cara enjoado do colégio complicando com os mais novos, mais fracos e menos populares. Ele também tinha um limite no xingamento. Até se dava bem durante um tempo, mas em algum momento ele sofria as consequências de um xingamento indevido.
Havia um sentido moral e ético em resistir a isso, e o respeito a mãe era a fronteira da dignidade.
Minha geração passou por todos esses sofrimentos e angústias. Uma geração simples mas valente, de sangue nas veias! E que não aceitava que xingassem a mãe.
Não há mais honra nas brigas e nas discussões. A criatura já arranca xingando a progenitora do cristão. E aí? O que fazer? Limite extrapolado na primeira argumentação!
Isso é imperdoável!
Onde estão as pessoas com honra? Pessoas que não deixavam xingar a mãe ou que usavam esse xingamento como último recurso?
O mundo está do avesso!!!
Que esses fdp vão pra pqp.