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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

DESAPEGAR


A palavra "desapegar" está na moda... hoje em dia, é quase um conselho vital, dado por muitos, a quase todos.
Às vezes, o desapego é necessário sim... mas jamais da boa música ou daquela cerveja gelada... do churrasco com os amigos de fé, ainda que sejam poucos... daquela superstição com a velha camisa já "rota" do time do coração, ou daqueles chinelos rigorosamente alinhados durante um grenal, como se eles fossem impedir uma derrota... do xingamento ao juiz "ladrão" e sua excelentíssima mãe... de um bom debate sobre politica ou religião (pois isso se discute, sim)...
É crime desapegar do violão desafinado e daquele "cantar" pior ainda... mais crime ainda, é desapegar da poesia!
Nem é preciso desapegar daquela mania de tirar fotos de paisagens, de animais, de tudo ou de nada... ainda que nem todos achem a fotografia a mais bonita do mundo...nem tampouco daquela pescaria improvisada com a família, onde o maior peixe não tem um palmo...
É obrigatório não desapegar de um bom livro, de um bom vinho junto a um fogo grande na lareira... ou no fogão à lenha... ou na cama, na companhia de quem se ama...
Seria triste desapegar de um "clássico" do cinema e perder aquele momento em que alguém começa a assistir o filme pela metade e perguntar detalhe por detalhe do que está acontecendo...
Não desapeguemos jamais das viagens... das que fazemos exteriormente e, principalmente, daquelas que fazemos em nosso interior...
Não desapeguemos dos "nossos"... do que é nosso... de nós!
Nem dos beijos, dos abraços... do carinho ou da indiferença... da raiva, do amor... da "guerra" ou da paz... do medo, da coragem... do orgulho ou da vergonha... do desejo, da frustração... da humildade ou da ambição... das virtudes, dos pecados... dos acertos e dos erros... da vitória, da derrota... da justiça ou da insensatez... das idas, dos retornos... da sapiência ou da ignorância... da certeza, da dúvida... da matéria ou do espírito... da luz, da escuridão... da descrença ou da fé... da vida...
Só da morte!
Enfim... desapeguemos, então... mas sempre, com muito cuidado... e, se possível, com muita precisão!



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