Há uns dias atrás, li um daqueles
costumeiros comentários sobre vida pós-morte. Achei bem interessante. Falava em
voltar para casa, na angústia que é a vida nesse mundo, etc. Falava em voltar para a VERDADEIRA casa. Fiquei com aquilo martelando
minhas ideias, como uma pedrinha no sapato do pensamento.
Como não poderia ser diferente, o assunto me fez pensar sobre estas questões sobre as quais não entendemos bem (ou não
entendemos nada), mas que nos (me) fascinam desde sempre.
O velho papo sobre: “Existe vida
após a morte? A morte é real? Quais as razões para o sofrimento de tantos
enquanto alguns vivem na pompa, cheios de saúde, dinheiro e sucesso? Será que
fizemos essas escolhas para as nossas vidas, será que realmente semeamos e
colhemos o que ora vivemos? As pessoas realmente pagam pelo mal que fazem? Por que
vemos tanta gente praticando maldades extremas sem o menor pingo de remorso e,
o pior, sem pagarem pelos seus atos?A tal lei do retorno realmente existe? Somos
a imagem e semelhança de Deus? Deus se importa com o nosso sofrimento? O que
Deus faz durantes os períodos de guerras, estiagens, enchentes e outras
mazelas? O livre-arbítrio não seria uma desculpa para os descuidos de Deus? O
exercício da inteligência é blasfêmia? E merece castigo?
Acho que esse assunto até já foi
sucesso... mas de tão inexplicável (ou por tão óbvio), tornou-se enfadonho e
desinteressante.
Sei lá... conforme escrevi, o
comentário que citei falava sobre voltar para casa. Dava a entender que nosso
lar seria aquele lugar de onde efetivamente saímos um dia para cumprirmos uma
missão meio enigmática... um local de onde essencialmente fazemos parte, mas do
qual não lembramos, embora seja maravilhoso. Logicamente, se trata de um lugar
sobre o qual não sabemos nada, mas que de uma maneira totalmente utópica
adoramos aceitar como verdade plena. Uma rota de fuga. Uma esperança no fim do
túnel. Um pote de ouro no fim do arco-íris.
O ser humano tem essa facilidade
de jogar a realidade nos braços do desconhecido e rezar para que o “além” faça
a sua parte.
Faço um mea-culpa, pois eu tenho essa
esperança. Cultivo, de certa forma, essa utopia e esse engodo, rezando para que
o contrário não desminta o que hoje faz tão pouco ou nenhum sentido. É mesmo
louco pensar assim.
Mas a grande pergunta é: E se
isso não existir?
E se nossa casa for SÓ esse mundo
aqui, onde vivemos e contabilizamos nossos erros e acertos?
E se o final for madeira e pó,
somente cinzas? E se a humanidade não tiver mesmo jeito?
O que o bem fará se a maldade não
tiver a sua paga? Por que o mal precisa ter sua paga?
De minha parte, acho isso
bastante intrigante. Às vezes, desmotivador! Deveras, triste!
A vida pode ter um algo de “Matrix”,
e talvez tudo não passe de um sonho (ou pesadelo), do qual alguém irá nos
acordar um dia. Para o melhor ou para o pior, vai saber.
Matrix é o filme aquele, muito
louco, uma viagem total. Como a nossa vida. Vale a pena ver, nem que seja para
criticar.
Enfim, por essa linha de
raciocínio, talvez a dor e o sofrimento sejam tão-somente um sonho. E o amor e
a paz, também. E aí, como é que faz?
Qual o sentimento que ainda não
experimentamos em verdade? O que há além daquilo que entendemos por coração e
mente? O que se esconde atrás das portas que sequer conhecemos? E será que
essas portas existem?
Quem realmente escolhe qual
destino nos cabe? Existe o acaso?
É possível escolher ser feliz? Ou
a infelicidade é compulsória para
alguns?
O Universo conspira a nosso favor
ou contra nós? Somos protagonistas, coadjuvantes ou marionetes?
É bom pensar que somos os atores
principais, embora muitas realidades apontem o contrário. Mas confesso que é difícil.
Não cabem nestes meus pensamentos questões hipócritas ou papos cafonas de
autoajuda e otimismo paliativo.
Enquanto essas questões seguem
sem respostas (convincentes), nos resta viver nessa casa em que ora habitamos,
fazendo o nosso melhor, corrigindo nossa rota e evitando o nosso pior.
Que a tristeza seja um pesadelo
passageiro, uma realidade fictícia, e que a felicidade seja um momento eterno,
uma fantasia consumada dia após dia.
Não sei se eu quero voltar pra
casa...
Imagem (Google imagens)