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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

OPINIÃO OU CUBA



Terminado o pleito de 2014, não tenho dúvidas: esta eleição foi acachapante!!! Não pelo resultado em si, mas pela forma como ocorreu.
Os brasileiros deram mais uma oportunidade de governar a um partido quem mantém o poder em suas mãos há doze anos, de forma ininterrupta. Isso até dá rima...
Cidadania e democracia também rimam, mas atualmente só com utopia, talvez na poesia... que certamente, por sua vez, rimará com melancolia, apatia, etc, etc...
Ainda que nossa democracia seja considerada “jovem” pelos especialistas, entendo que ela goza de um privilégio que outras mais antigas e plenamente consolidadas, não tiveram: o quase que total acesso a informação, em tempo real e com diversas fontes para análise e saneamento de dúvidas, além de uma interação quase que instantânea entre as pessoas. Além disso, em épocas eleitorais, todo e qualquer candidato e governo são minuciosamente examinados, analisados, investigados e, se for o caso, trucidados em “praça pública”.
Portanto, com relação à parte da população que possui – ou poderia possuir - este arsenal de informações, me parece incabível argumentações do tipo “eu não sabia”, “eu não entendo”, “é tudo mentira” (sempre) e coisas do gênero.
A impressão, ou melhor, a certeza que eu tenho, é de que a população brasileira ainda não compreendeu a importância da cidadania e vive uma democracia torta, que ela mesma cultiva com ares de intelectualidade. O fato de 37 milhões de brasileiros não terem dado sua contribuição nas urnas, parece fortalecer este meu entendimento.
Sou totalmente contra a implementação do voto facultativo, por motivos cada vez mais óbvios. Se o povo ainda não compreendeu a importância da política e as consequências de suas escolhas, certamente não está apto a exercer o voto facultativo. Nesta tal democracia “jovem”, a maioria dos eleitores são como um “menor”, cuja capacidade ainda não foi alcançada ou, então, não é plena.
Caso o voto fosse facultativo, o Brasil teria uma farra total (se já não tem) durante o dia da votação, com “Coronéis” e “senhores feudais” impondo totalmente o voto pelo uso da força, da coação, na troca pelo pão... e com um contraveneno totalmente enfraquecido, bem como a “balança” democrática.
Portanto, se é ruim com o voto obrigatório, bem pior sem ele.
Tendo em vista o resultado das eleições para Presidente, me vem à cabeça um pensamento de Eça de Queiróz, que dizia que “políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos, pelo mesmo motivo”... se não me engano, é mais ou menos isso. E é uma grande verdade. Independentemente de partidos e ideologias, sou favorável à oxigenação na política, no poder... a alternância nos governos faz bem à democracia e à sociedade como um todo. É extremamente salutar a adoção de novos pontos de vista, de novas maneiras de pensar e agir. É preciso “sangue nos olhos” para realizar grandes mudanças e fazer um país avançar. E a perpetuação no poder vai em sentido contrário a tudo isso. Depois de doze anos com um mesmo partido governando, me parece que isso é mais do que claro.
O poder corrompe e enfeitiça. Cria a acomodação para o trabalho que deve ser feito e a proatividade em relação a tudo o que não deve ser feito.
A longevidade no exercício de comando de um mesmo partido ou grupo ideológico, via de regra, resulta em desmandos. É o “sonho de consumo” dos governantes, que acabam por ter um tempo precioso para estender suas garras em todas as ramificações e segmentos de nossa sociedade, tornando-se praticamente imbatíveis. E isso é o avesso de uma sonhada democracia e do que se pensa em termos de políticas sociais justas e adequadas.
Um governo com muito poder, com base aliada forte no Congresso Nacional, é um perigo. Sabendo gerenciar conflitos, é capaz de aprovar quase tudo, ainda que isto não represente ou, seque se assemelhe, ao desejo do povo.
Ainda ontem foi para aprovação na Câmara dos Deputados um projeto que susta o famigerado Decreto “bolivariano” 8.243, de autoria do Executivo. Não fossem as mágoas recentes da própria base aliada com relação ao Governo, onde parlamentares derrotados nas eleições estaduais resolveram dar o troco pela falta de apoio recebida em suas candidaturas, este projeto não teria sido aprovado. Assim, teríamos uma aberração perigosíssima afrontando o exercício de nossos direitos de cidadão.
Como sempre digo, política é bem mais do que se pode ver ou enxergar na superfície. E este é só um exemplo.
Outro momento perigoso e pelo qual, possivelmente iremos passar (salvo um impeachment), tem a ver com o Judiciário. Até o final de 2018, o partido que está no poder terá nomeado 10 dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda que digam que não, isso põe nossa justiça de joelhos com relação ao poder Executivo que, por sua vez, se abastecerá ainda mais de sentimentos impróprios ao bem da Nação e que terá materializado o seu sentimento crescente de impunidade.
Não podemos esquecer que o atual Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é Dias Toffoli, que já foi advogado particular de “estrelas” petistas e do próprio partido. Este é um exemplo inequívoco da total falta de bom senso de um governante, que acha que pode fazer o que quiser, da maneira que quiser e quando bem entender. Lembremos que nem tudo que é legal veste-se de moralidade. A nomeação sem escrúpulos para cargos públicos, sem critérios que não sejam político-partidários, em benefício próprio ou de um grupo específico, vai contra todos os princípios morais e éticos, ferindo profundamente o interesse público e a sociedade como um todo. Isso ganha proporções gigantescas durante governos com longos períodos sem alternância.
É exatamente disso que estou falando. Saber as consequências de nossas escolhas políticas. Ou, pelo menos, daquelas que têm maior repercussão em nossas vidas, ainda que num momento futuro. Estas que citei, por exemplo, tem enormes repercussões. E que podem ser devastadoras, do ponto de vista do equilíbrio social e da segurança jurídica.
Um governo poderoso pode “rasgar” sua Constituição e enfraquecer as leis que não lhes interessa.
Dificilmente um governante resiste ao desejo de ser tirano. Imagine então, que ele tenha todo o tempo do mundo para realizar esse desejo. A carne é fraca, a mente é insana, o poder é sedutor.
Será que hoje em dia é pedir demais que pessoas esclarecidas entendam isso? Acho que não.
E o nosso povo? E os brasileiros?
Bom, os brasileiros parecem ter parâmetros e juízos de valores completamente sem sentido. Utilizam estas ferramentas da forma como lhes convém, sempre, isso lhes é habitual.
A reeleição concedida ao PT mostra que a maioria dos brasileiros entende que aquela máxima do “rouba, mas faz” é verdadeira e aplicável. E, convenhamos, neste caso, nem precisaram fazer muito.
Ouvi muita gente culta, muito “intelectual”, defendendo o indefensável. Nem vou falar aqui dos que foram levados às urnas “de a cabresto”, pela compra oficializada de votos, porque estes são, ao meu ver,  os que menos têm culpa.
Muitos arrotaram discursos que pregam uma sociedade justa, mas com argumentos de benefício próprio. É assim. Não conseguem enxergar um palmo adiante dos olhos – ou do próprio umbigo.
Não adiantou a Polícia Federal gritar. Não adiantou o MP agir. Não adiantou o STF condenar. Não adiantaram novas e verdadeiras denúncias de incansáveis e repetidos escândalos de rios (não, rios não: mares!) de recursos e verbas públicas. Eles só viram denúncias na Veja. E Veja “não vale”. Vejam só...
Cada um interpretou como quis. Alheios às evidências, a grande maioria fechou os olhos e os ouvidos e cerrou os lábios. Tudo para defender o seu ponto de vista, o seu ganho, o seu idealismo, o seu benefício e, até mesmo, a sua idiotia.
E mais: vociferaram – e ainda o fazem – contra quem “ousou” não seguir a onda do “País das Maravilhas”. Sabe, aquele País lindo, da propaganda do PT?
Foram ignoradas centenas de milhares de obras inacabadas, juntamente com o total descaso com a saúde, a segurança e a educação no País.
Elegemos como nossos líderes, pessoas quem têm bandidos como ídolos, condenados com sentença transitada em julgado. E que também estão envoltas por um lamaçal profundo e horrendo de podridão e desonestidade, para não dizer coisas piores.
Valeu difamar, mentir, apelar para o sentimentalismo barato, quebrar todas as regras. Vale tudo pelo “Príncipe”... ou “Princesa”.
Ninguém deu bola quando Presidente e ex-Presidente subiram em palanques pregando separatismos, fazendo apologia ao ódio entre as classes, diferenciando “ricos” de pobres... no conceito deles, inclusive, eu também sou rico. Só não sei onde coloquei meu dinheiro.
Ao contrário disso, seus fiéis eleitores dizem que foi a oposição que fomentou o preconceito, o ódio e todas as demais coisas ruins que ocorreram durante a campanha.
Não tendo mais motivos, até um sorriso irônico do adversário tornou-se mais gravoso que a corrupção e a “latrina política” sobre a qual tivemos conhecimento.
São muitos democratas de fachada. O Foro de São Paulo não é nada. O importante é que o Porto de Cuba é lindo e a transposição do São Francisco é um sonho. E o aeroporto de Cláudio é demais, não dá... explicar Pasadena até vai,  explicar o financiamento da campanha do PT é plausível... mas esse aeroporto, sobre o qual não existem processos ou não foi provado nada, não... esse não dá para engolir. E o Aécio é muito burguês, afinal, quem não viu a mulher dele? Aquela beleza é uma afronta aos pobres, às pessoas de bem.
Fala sério, meu Brasil.
Tenho por esperança que estas urnas tenham sido fraudadas mesmo, pois motivos e denúncias levam a crer que sim. Pensar nisso, até certo ponto me conforta, pois diminui minha descrença. Não com o processo, mas com a população.
Dizem que bom cabrito não berra. Não sou cabrito, mas me acho bom. E berro.
Como disse certa vez, George Sand, “ a opinião política de um homem, é o próprio homem”. Isso tem muito de verdade. Assim como entendo que um Governo, em grande parte, senão na sua totalidade, é um reflexo de seu povo. Dizendo isso, não é preciso dizer muito mais sobre os resultados desta eleição presidencial.
Muitos têm tentado abafar minha indignação e desconformidade com este resultado, exaltando a ideia de respeito a opinião dos outros, ao direitos dos outros, a liberdade dos outros. Mas e os meus direitos? E a minha opinião? E a minha liberdade?
A história do “ame-o ou deixe-o” é algo inaceitável.
Pois afirmo: hei de exercer minha liberdade, hei de lutar por meus direitos, hei de dar minha opinião!
Pelo menos, enquanto o PT não acabar com tudo isso... se isso acontecer, talvez eu me mude para Cuba. E quem sabe eu fique, caso já não existam diferenças...



segunda-feira, 13 de outubro de 2014

DE UMA CERTA FELICIDADE

Enquanto os dias me consomem, mais e mais eu me aproximo de minhas realidades, experimentando uma sensação maior de verdadeira liberdade. Uma liberdade que se revela cada vez mais incomum, mas que já não me surpreende.
Essa liberdade de que falo, nem sempre é bem captada ou percebida pela grande maioria. Talvez nem mesmo pelos grandes poetas, que a este sentimento, não raro, dedicam páginas infindas de seus maravilhosos e bem escritos textos. Por abusarem nas metáforas e chavões, salta ao olhos a quase que total ausência de prática.
Essa liberdade de que falo, está presente nos testemunhos do dia a dia, na expressão e nas atitudes de pessoas que conhecemos e acompanhamos e que, agora, por vivê-la, também consigo identificar em outras pessoas.
Neste sentido, a experiência e a maturidade se fazem confortantes, ainda que tenham, em seu cerne, um grande depósito de angústia. Somente pelo olhar da experiência é que vemos as situações da forma como elas realmente são, ou, no mínimo, da maneira mais aproximada possível. A capacidade de análise fica mais apurada e, ter pressa ou não, passa a ser mais uma escolha do que um ímpeto. E o risco também... muitas dores são calculadas. Assim como a culpa, como os remorsos, como a alegria. Logicamente, não falo de maneira absoluta e nem aplico esta premissa ou “verdade” a todas as questões. E isso, pode-se dizer, faz parte da maturidade. É ela que nos faz entender estes tipos de questionamentos, é ela que dá o alicerce para que a experiência seja escutada e tenha um lugar cativo ao lado do coração e das ideias. O que, por óbvio, não garante que iremos escutá-la sempre.
Somos mais livres quando entendemos que podemos ser felizes do jeito que somos, sem termos que prestar contas ou explicar, a todo momento, o porque de determinadas decisões ou atitudes.
Somos mais livres quando percebemos que um “foda-se” bem colocado, no momento certo, vale bem mais do que o silêncio ou um olhar pacato de aceitação. Ou do que uma revolta interna que nos garanta gastrites e enxaquecas.
Somos mais livres quando aprendemos a concordar, apenas para não dar papo ao que é fútil ou inóspito. Dar as costas para alguém que não merece nossa consideração, também pode nos trazer extrema felicidade... é verdade, sem medo de errar.
Somos mais livres quando entendemos que SIM e NÃO são palavras extremamente importantes para nossa saúde física e mental e que, muitas vezes, uma complementa a importância e o valor da outra.
Somos mais livres quando compreendemos nossas fraquezas e aprendemos a conviver com elas, sem que isso nos traga nenhum tipo de medo ou frustração, pois elas fazem parte de nossa personalidade. E esta citada liberdade nos faz focar naquilo que nos torna fortes, que nos engrandece, que nos faz melhores. Em nossas “especialidades”.
Somos felizes quando somos nós mesmos. Por não precisarmos mais das máscaras que usávamos, ainda que inconscientemente. Todas elas vão ficando pelo caminho, uma a uma, dando lugar ao verdadeiro “EU”.
Talvez muitos não estejam prontos para experimentar essa felicidade... mas carrego comigo a certeza de que ela vem para todos, de forma indistinta, no tempo certo.
E a grande notícia é que esta felicidade tende a aumentar... junto com reumatismo, memória fraca e outras mazelas que o tempo concede à matéria humana.
Mas e daí? O corpo é uma veste que, junto com as máscaras, ficará pelo caminho..
Enquanto a alma segue ao “pós”, o corpo retorna ao pó... pouco importando as lágrimas e o ranger de dentes. É isso.
Devemos ser um palanque de nossa própria felicidade, ainda que ela nos chegue aos poucos, após longa fustigação pelo tempo e pelas intempéries da vida.
Ser feliz é o que há!