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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

JUAREZ FONSECA, ZH, RBS: QUEREMOS A RETRATAÇÃO!!!




A semana passada, para mim, estava sendo perfeita (dentro dos padrões normais), até o dia em que fui “encaminhado” à leitura de uma coluna escrita por um certo Juarez Fonseca, cujo conteúdo foi compartilhado por Vinícius Brum, atual Presidente do IGTF. Confesso que não entendi se o compartilhamento foi a título de dar conhecimento ou se foi realizado como um apoio ao que escreveu o tal Senhor.
Se foi pela segunda opção que citei, me caem todos os butiás dos bolsos... muito embora eu não deva ficar surpreso, tendo em vista o tanto que tenho me manifestado acerca do assunto e como entendo a atuação do Estado no que tange aos festivais. Em especial, à forma equivocada dessa atuação, no meu entender.
Embora já tenha feito uma postagem e alguns comentários no facebook sobre a opinião deste crítico da arte sulina, vou dar uma “esmiuçada” sobre o que ele escreveu.
O nobre crítico (me desculpem, mas minha memória falha quando ouço falar em seu nome, em detrimento à importância que ele próprio afirma ter no meio artístico e cultural) afirma ser um grande conhecedor do circuito dos festivais, tendo inclusive acompanhado o auge destes, que ocorreu nos anos 80. De lá para cá, segundo ele, as coisas ficaram estranhas... à partir daí, o colunista é ávido e contundente em avaliações depreciativas, que englobam eventos e artistas de uma maneira geral. Salvam-se as peles daqueles que ele julga como suprassumos da arte e que, segundo ele, ficaram em um passado distante. Cita o calendário do IGTF, pouco importando-se com a opinião que os participantes do meio têm sobre o tal instituto e mais, sobre a real importância que este instituto tem para os festivais. Só esse assunto já daria léguas de debate, indo muito além da mera superficialidade.
Ao decretar que no máximo dez festivais no Estado têm alguma relevância, demonstra mais do que desconhecimento: carimba seu desrespeito para com a nossa cultura, ignorando a importância que esses eventos têm para nossa formação social, cultural e econômica. Demonstra que não entende a complexidade cultural existente no Rio Grande do Sul, em especial no tocante às nossas características poético-musicais. Com um pouco de má-fé, talvez, lega ao esquecimento o envolvimento de comunidades inteiras ou grande parte delas com os festivais, pouco importando o “tamanho econômico” destes, mas sim o legado que eles deixam, ano após ano, perpetuando um movimento cuja magnitude ainda não foi compreendida por cidadãos como esse tal Juarez Fonseca.
Ao dizer que o número de músicas inscritas oscila entre 300, 500, já falha de novo, pois os grandes festivais têm um número muito mais elevado de inscrições. Cito isso, somente para demonstrar o nível de superficialidade e falta de conhecimento.
O crítico demonstra soberba e até um certo autoritarismo, ao evidenciar sua antipatia com a liberdade de criação e a livre inscrição, uma vez que chama os novos artistas, aqueles que estão tentando entrar no meio de “concorrentes sem experiência ou livre-atiradores em busca de evidência”. Eu até gostaria de saber como se faz para participar de um festival sem tentar. A obviedade de que alguém que hoje é renomado no meio, um dia foi inexperiente é tanta, que essa sentença do citado colunista beira o ridículo, cheira a ranço preconceituoso e “paneleiro”, pré-julgamento injusto e afetado por ignorância de espírito e de conhecimento. Ânsias de privilégios descabidos aos seus.
Ao falar tanto da Califórnia, poderia ter se demorado um pouco mais, e adentrado em alguns assuntos não muito agradáveis que por lá aconteceram, dos quais todo o meio é conhecedor, e que fazem com que esse festival, apesar da pompa e o espaço concedido pela mídia, seja não mais do que mera aparência nos últimos anos, não servindo de exemplo de conduta ilibada em quase nada. A referência técnica esmorece um pouco mediante o meio pela qual ela percorre em alguns casos. Isso é fato.
Embora eu ache que muita gente boa tem ficado de fora dos festivais, sou obrigado a discordar do colunista, quando ele afirma que “poucos novos se destacaram a partir dos anos 1990, imagine-se a que ponto chegou a questão da qualidade.” Os amigos imaginaram isso? São 25 anos em que ele joga uma pá de cal no que se refere ao surgimento de novos artistas, poetas, músicos, compositores. Um quarto de século perdido, então? Com certeza não, meus queridos amigos. Isso é somente mais um arroubo de prepotência, uma ânsia de dizer/escrever algo, de proteger ou engrandecer talvez alguns amigos de seu círculo íntimo. E da forma mais baixa que existe: desmerecendo os outros, jogando no lixo o trabalho de centenas de bons artistas ao longo de vinte e cinco anos. É uma pena ter que gastar tempo para evidenciar a obviedade da quase senilidade desse colunista.
Querer pisotear o sentimento atávico que existe no Rio Grande, a tentativa de perpetuar nossos costumes, nosso passado e nossa gente, bem como tentar aplacar a liberdade de criação com argumentos ou embasamento para tal é digno de pena, uma vez que o colunista se apega ao seu próprio saudosismo para justificar sua motivação de atacar o que vem sendo feito em termos de arte nos festivais. Talvez relembrando o  seu tempo moço, onde possa ter tido alguma relevância e importância para a cultura... contudo, talvez não tenha tido sucesso em sua cruzada de paladino dos festivais, tendo em vista que muito poucos se lembram dele,  e que alguns, inclusive, falam mal da sua pessoa. Isso está escrito nos depoimentos e comentários das nossas redes sociais, não é “achismo” de minha parte.
Aliás, acho que o colunista, talvez por encontrar-se meio ultrapassado em questões de tempo e espaço, tenha subestimado a questão das redes sociais hoje em dia. Já não é mais possível sentar-se atrás de uma mesa para escrever um monte de asneiras, que ofendam e agridam pessoas, e achar que isso passará despercebido. Mais grave ainda quando se ofende de forma covarde e irresponsável uma classe inteira.
Afinal, o que defende esse nobre colunista? Quais são os motivos de seu saudosismo? Por que essa incapacidade de olhar um pouco adiante do umbigo? Me parece simples motivação pessoal, nada mais.
Alheio ao fato de que “Guri”, “Tertúlia” e outras tantas músicas boas do nosso cancioneiro circularam por várias triagens, o colunista se esmera em oportunismo baratão, numa afirmação simplista onde diz que “há várias canções ruins que circulam de festival em festival apostando em descuido ou despreparo das comissões de triagem. E às vezes conseguem.” Que triste isso, que afirmação infeliz... Nesse parâmetro, ninguém presta... nem o compositor que roda em várias triagens, nem os jurados que aprovam músicas que foram deixadas de lado em outros festivais. Sendo que muitas destas, inclusive, acabam sagrando-se vencedoras ou premiadas nos eventos em que “emplacam”.
Deleitando-se no fel de sua arrogância, o colunista parece sofrer de uma hemorragia de maus adjetivos e impropérios a serem dirigidos única e exclusivamente àqueles que produzem música atualmente no Rio Grande (inclusive os seus amigos, uma vez que muitos dos de “antes” seguem na estrada), taxando-os de incompetentes, espezinhando as particularidades de seus gostos musicais e, de quebra, achincalhando com aquilo que chama de “Rio Grande de bombacha”. E um dos ápices de seus comentários “nada pessoais”, esse Sr. afirma que “Em vez de buscar uma canção melhor, o autor reaposta na própria ruindade.” Bárbaro...
Que forte isso. Quanta ignorância, quanta prepotência, quanto desconhecimento e quanto absurdo permitido pela Zero Hora por parte de um colunista que sequer conhece o chão sobre o qual está cuspindo.
Os festivais têm sim, produzido grandes clássicos, deles têm se originado grandes talentos e música muito, mas muito boa.
O colunista, parado no tempo em que estacionou seu umbigo, esqueceu que a maneira como a música se propaga hoje é diferente. Hoje, todos consumimos mais música e temos um acesso muito maior a tudo o que é feito no Rio Grande. Diferentemente do que acontecia anteriormente, onde apenas alguns festivais eram de conhecimento público. Hoje, é muito mais difícil uma música tornar-se um “clássico” na forma como colocamos essa palavra, uma vez que existe um número muito maior de produção artística, para todos os gostos, idades, conceitos e entendimentos. Mesmo com as falhas existentes no tocante à distribuição e divulgação do que é feito nos palcos dos festivais, o povo tem tido mais oportunidade de conhecer o que é feito no meio, já que praticamente TUDO é difundido pelas redes sociais, youtube e demais ferramentas da internet hoje em dia.
Digo mais: muito do que foi produzido anteriormente, talvez não vingasse hoje em dia. A coisa não mudou muito não, ainda mais se olharmos pela visão do tal Juarez Fonseca.
Sou conhecedor das produções antigas de festivais e sei que, num antigo “LP”, tínhamos umas duas ou três músicas boas e o restante mal dava para se ouvir... isso, logicamente, talvez só para o meu gosto.
Mas como a gente já sabe, o gosto é algo particular... querer impor o que achamos, pensamos e gostamos (ainda mais quando advém de qualidade duvidosa no entendimento de muitos) por meio de um espaço na mídia, pondo por terra a produção e o trabalho de pessoas que investem, se doam e até mesmo arriscam suas vidas em prol de manter nossa arte e nossa cultura não só é triste, como também é vergonhoso, ultrajante e, deveras, passa dos limites minimamente aceitáveis.
Vi pessoas do meio defendendo o colunista e inclusive dizendo que aqueles que não gostaram do que ele escreveu não poderiam pessoalizar o debate, que ele é culto, entendedor... para mim, tanto pior. Nessas horas, eu me pergunto em que mundo essas pessoas vivem. Quem pessoalizou o debate (em cada um dos que trabalham com poesia e música nativista, seja na forma que for) foi o colunista. Não há como ler tanta falta de respeito e ficar calado. Pelo menos, para quem não tem sangue de barata, ou não quer posar de "intelectual moderado e elegante".
Além disso, ao ser minimamente criticado, esse Sr. mostrou um desequilíbrio total e um desrespeito maior ainda, como já era de se esperar. É fácil ser pedra, difícil mesmo é ser vidraça.
Os festivais têm muitos, mas muitos problemas mesmo. A contribuição é maior, ao meu ver, quando debatemos estrutura, transparência, critérios, regras e participação do Estado nas atividades. Isso agrega, fortalece e faz as coisas avançarem. Muito embora o Estado pareça estar preocupado com outras coisas, que não os festivais. Fotos em eventos parecem ser mais aprazíveis e benéficas (não sei para quem) do que fomentar bons debates e efetivamente buscar soluções juntamente com municípios, entidades, produtores culturais e artistas envolvidos.
A qualidade, por si só, se manterá ou não. O povo e o tempo é que são capazes de afirmar o que veio para contribuir, o que soma e o que fica de legado. Um homem só, e rancoroso, ainda... duvido muito que seja capaz.
Na ânsia da autoafirmação, sobrou para Nico Fagundes, Paixão Cortes, Barbosa Lessa... é lamentável...
Me sinto envergonhado pela atitude desse Sr., que me parece ter motivos meio torpes para tecer tantos comentários infrutíferos, infundados e depreciativos contra aqueles que são colegas dos artistas sobre os quais ele aparente ter algum interesse comercial ou coisa do gênero.
Por atitudes como essas, pela abertura de espaços a esse tipo de gente, é que nossa cultura e nossa música ainda sofre tanto,  e encontra barreiras dentro de nossa própria aldeia.
Os artistas nunca foram e nunca serão a causa de possíveis insucessos dos festivais. Já, os oportunistas e irresponsáveis de plantão e os “mamadores de teta” dos cabides de emprego existentes e perpetuados pelos governos há séculos, estes sim. Análises que não saem da superficialidade são mero engodo tendencioso. Compreender os festivais em toda a sua complexidade vai muito além disso. A cultura como um todo, tocada por eles, nem se fala.
Da Zero-Hora, o mínimo que se espera é uma grande retratação, uma vez que a baixaria promovida por esse tal Juarez Fonseca atinge, inclusive, programas exibidos em sua grade de programação, onde grandes artistas oriundos do meio festivaleiro se apresentam, levando ao povo gaúcho nossa arte, nossa cultura e nossa tradição. Uma coisa é fazer a crítica, atuar como crítico, seja lá do que for. Outra, bem diferente, é atacar gratuitamente toda uma classe, de forma torpe e, para mim, covarde e injustificável.
Será que é esse o tipo de opinião que caracteriza a ZH? A RBS prima pela falta de bom senso, então? Dar espaço a rancorosos que buscam alguns minutos de atenção é sua prioridade?
Não fosse pelo que atinge e prejudica sua imagem de empresa gaúcha e identificada com o Rio Grande, a RBS/ZH deve exigir a retratação desse tal Juarez Fonseca por respeito e dignidade devidos aos nossos artistas e à nossa gente.
Enviarei este texto, por e-mail, ainda hoje.

Um comentário:

  1. FICO FELIZ DEMAIS QUANDO ALGUÉM SE LEVANTA CONTRA ESTAS ATROCIDADES NOS FESTIVAIS E MÚSICAS SULINAS. TE APOIO E HÁ 10 ANOS FALAVA SOZINHA, HOJE SEI QUE TEM VC QUE PELEJA COMIGO. PARABÉ4NS

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