A folha em branco é um desafio...
um nada em busca de tudo... ou de parte... é o desleixo – ou a ingratidão – da arte.
É o silêncio, em busca da palavra... é a palavra escondida pela escrita vazia,
no pensamento não externado... é hemorragia contida, futura sangria desatada.
A folha em branco me assusta!
Fala muito do que não foi dito, do que está guardado... ou, que não foi,
sequer, ainda pensado.
É mar silente e revolto...
superficial e profundo... é aldeia e o mundo!
A folha em branco é promessa...
sonho realizado ou frustração! Contém o expresso e o oculto, o sim e o não...
É o poeta cansado... ou
divagando. É o poema absorto, calando... ou o verso a voar, poetizando...
A folha em branco é a vida... querendo
passar, ou simplesmente viver... é democrático espaço – ou não – a quem quiser
escrever...
A folha em branco é segredo, que
todos querem saber... talvez, o verbo indigente, que ninguém jamais declara e
muito tentam esconder.
A folha em branco é o eterno...
onde se espraia a vontade, ainda que não queira acontecer... é afirmação do
contraponto, é o nascer... e o morrer.
Quiçá um desenho ou rabisco...
intrigante princípio, do fim ou do início.
É o portal da sapiência... ou
confirmação da ignorância... é o universo e o tempo, descansando a distância.
Ela espera a pena, que lhe deseja
ou destrata... que lhe agranda ou apequena... que lhe afaga ou maltrata... é
carinhosa ou ferina... sei que o vazio não lhe basta!
A folha em branco, assim como eu,
tem sede e tem fome... sonha a fonte, para se alimentar e beber... somos bocas
caladas, com almas esfomeadas, querendo dizer...
Caine Teixeira Garcia, Bagé/RS –
26/09/2014
Aberto aos comentários.
ResponderExcluirAo amigo Caine, que por inspiração poetica, após esta bela leitura, deixo esvair nos dedos, estas linhas..
ResponderExcluirFilipe Rosa
Maculei,a folha em branco
Borrei sua faceta palida
Rabisquei,desparelhas linhas
DO que me continha
Dissolveu-se em tinta.
Abracei,de pronto meu pranto
Esmaguei,a pena nos dedos
Afoguei,o que me aflingia
Pelo dia a dia
Sofrenei meu canto.
Atei,com manojo e vento
Destilei,o pesado fardo
E provei,do próprio veneno
Em tristes sonetos
De um trago largo.
Amassei,a folha em branco
Joguei fora,pois vazia estava
Acordei,do sono oculto
Envolto de vultos
Da minha própria magoa.
Levantei,pois não entendia
E perdi, todas as palavras
Cutuquei,todas as minhas rimas
Que ao trote vinham
Enquanto eu galopava.
E escrevi,na folha marcada
Tudo aquilo,que eu ja pensava
Ter escrito,noutra epifania
Quando descobria,que no fim...foi nada.
Bárbaro... Grande Filipe, versos mestres, meu amigo... que honra...grande abraço, gracias pelo carinho!
ExcluirGracias seu Caine, agora que fui ver, e não por isso amigo. Abraço
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