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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A FOLHA EM BRANCO




A folha em branco é um desafio... um nada em busca de tudo... ou de parte... é o desleixo – ou a ingratidão – da arte. É o silêncio, em busca da palavra... é a palavra escondida pela escrita vazia, no pensamento não externado... é hemorragia contida, futura sangria desatada.
A folha em branco me assusta! Fala muito do que não foi dito, do que está guardado... ou, que não foi, sequer, ainda pensado.
É mar silente e revolto... superficial e profundo... é aldeia e o mundo!
A folha em branco é promessa... sonho realizado ou frustração! Contém o expresso e o oculto, o sim e o não...
É o poeta cansado... ou divagando. É o poema absorto, calando... ou o verso a voar, poetizando...
A folha em branco é a vida... querendo passar, ou simplesmente viver... é democrático espaço – ou não – a quem quiser escrever...
A folha em branco é segredo, que todos querem saber... talvez, o verbo indigente, que ninguém jamais declara e muito tentam esconder.
A folha em branco é o eterno... onde se espraia a vontade, ainda que não queira acontecer... é afirmação do contraponto, é o nascer... e o morrer.
Quiçá um desenho ou rabisco... intrigante princípio, do fim ou do início.
É o portal da sapiência... ou confirmação da ignorância... é o universo e o tempo, descansando a distância.
Ela espera a pena, que lhe deseja ou destrata... que lhe agranda ou apequena... que lhe afaga ou maltrata... é carinhosa ou ferina... sei que o vazio não lhe basta!
A folha em branco, assim como eu, tem sede e tem fome... sonha a fonte, para se alimentar e beber... somos bocas caladas, com almas esfomeadas, querendo dizer...

Caine Teixeira Garcia, Bagé/RS – 26/09/2014




4 comentários:

  1. Ao amigo Caine, que por inspiração poetica, após esta bela leitura, deixo esvair nos dedos, estas linhas..

    Filipe Rosa

    Maculei,a folha em branco
    Borrei sua faceta palida
    Rabisquei,desparelhas linhas
    DO que me continha
    Dissolveu-se em tinta.

    Abracei,de pronto meu pranto
    Esmaguei,a pena nos dedos
    Afoguei,o que me aflingia
    Pelo dia a dia
    Sofrenei meu canto.

    Atei,com manojo e vento
    Destilei,o pesado fardo
    E provei,do próprio veneno
    Em tristes sonetos
    De um trago largo.

    Amassei,a folha em branco
    Joguei fora,pois vazia estava
    Acordei,do sono oculto
    Envolto de vultos
    Da minha própria magoa.

    Levantei,pois não entendia
    E perdi, todas as palavras
    Cutuquei,todas as minhas rimas
    Que ao trote vinham
    Enquanto eu galopava.

    E escrevi,na folha marcada
    Tudo aquilo,que eu ja pensava
    Ter escrito,noutra epifania
    Quando descobria,que no fim...foi nada.

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    Respostas
    1. Bárbaro... Grande Filipe, versos mestres, meu amigo... que honra...grande abraço, gracias pelo carinho!

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    2. Gracias seu Caine, agora que fui ver, e não por isso amigo. Abraço

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