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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

TCHAU, 2020!

Adeus, 2020! "Não imagine que te quero mal, apenas não te quero mais!" (Lulu Santos).2020 entra para a História como um ano maldito. E que maldição ter que usar essa palavra. Abençoadas sejam as vezes que a pude evitar, mas 2020 exige uma exceção, pede algo mais forte que o caracterize.

2020 se estabelece como o ano em que fomos vencidos não só por uma doença, mas muito mais pela bestialidade humana. Talvez alguém não concorde com o "fomos vencidos", mas as mortes de mais de 190.000 irmãos brasileiros dão sustentação ao que digo.
O Brasil, em especial,  é um capítulo à parte nessa história tétrica. Negação e luta contra a ciência, descaso com a vida, polarização e ideologização indecentes. Isso tudo, falando somente na questão  "Covid", pois o país vai de mal a pior em termos econômicos, ambientais, culturais, sociais e políticos,  de uma maneira geral. 

O Brasil dança e festeja em cima de seus cadáveres. O Brasil toma sol e vai à praia beijar a morte. Infectamos de boas, na melhor das intenções. Não há álcool gel que limpe nossas consciências.

Tenho plena certeza de que 2020 é  resultado. Ele foi trabalhado insistentemente para ser exatamente assim. Trata-se da colheita do que tem sido semeado ao longo dos tempos, mundialmente falando.
Em nossa aldeia Brasil, calamidade social e cultural também é fruto das escolhas que expuseram as fraturas morais da alma da nossa gente. Se alguém tinha dúvidas de que o  brasileiro é, em grande parte, um povo preconceituoso, misógino, racista, egoísta, desunido, irresponsável, sem noção e muito mais, creio que tiveram suas dúvidas sanadas.

2020 foi um tapa na cara.Um soco na boca do estômago. Máscaras no rosto (muito aquém do minimamente necessário), mas almas nuas. Maldade escancarada. Uma era medieval brotando das mentes e das práticas mais surreais possíveis. O submundo da insanidade gritando pelas teclas de notebooks,  computadores, smartphones e afins, no flagelo das redes sociais. Cientistas de sofá. Terra plana em ascensão. Filósofos de barro. Elite em êxtase. Os mais lúcido desejando virar jacaré!

A cegueira nos encaminhou ao lodo. E cá estamos, atolados. Escolhemos falsos heróis. Abraçamos narrativas incoerentes. Tocamos para os loucos dançarem. Na guerra da desinformação, a mentira tem vencido. Não há somente gabinetes do ódio, pois ele está em toda parte e ganhou voz. Vivemos o ápice dos piores anos dos últimos tempos, e o povo é o único e exclusivo responsável por sua própria tragédia atual, ignorando fatos, defendendo o indefensável, pensando somente no jardim do próprio umbigo. Algo que se repete, sistematicamente.

A única alegria do rebanho é quando o lobo come a ovelha do lado, como bem já disse Arthur Schopenhauer.

Contudo, assim como qualquer arma, a tecnologia também foi a grande responsável por conseguirmos seguir com nossas vidas, num mínimo de normalidade. Através dela contornamos o isolamento, a tristeza, a saudade, a desumanização. Entramos em um território onde o vírus não nos alcançou, onde foi possível - virtualmente - abraçar, beijar, conversar, rir, chorar, amar e estar com os nossos. 

O isolamento tornou possível que saíssemos um pouco da bolha em que vivíamos, nos empurrou a reflexão. Aliás, penso que quem não refletiu em 2020, não o fará mais. A distância nos aproximou não só das pessoas, mas também jogou em nosso colo conceitos e verdades inarredáveis sobre o que realmente importa, sobre o que realmente tem valor, sobre amor, solidariedade e responsabilidade pessoal e coletiva.

No espelho da realidade, em geral, confirmamos que não  estamos prontos para viver em sociedade. Não de uma forma realmente decente e íntegra. Não sem explorar,  massacrar, denegrir, expor, prejudicar ou maltratar o próximo. Ninguém sairá melhor de 2020. As pessoas sairão como sempre foram. Mal é mal, bem é bem. A velha, universal e mítica luta de sempre. 

Não acredito em um novo normal, especialmente quando esse termo foi largamente usado de forma comercial, banalizado e mal direcionado. Aceitar isso, me cheira a conformismo, a padronização ao avesso.

Sobreviver nunca foi tão ousado, nunca foi tão importante, nunca foi tão difícil. Se possível, com sanidade mental. Sem romantizar, sem dourar a pílula. Precisamos de vacina no corpo e na alma.
O povo precisa ser seu próprio capitão, precisa SER HUMANO. Menos arminhas e mais pão, mais amor, mais solidariedade, mais educação,  mais emprego,  mais saúde, mais cultura, mais igualdade e justiça, mais infraestrutura,  mais ciência, mais ordem e progresso.
Tchau, 2020!!! Lutemos para que não haja uma versão estendida, por favor!!!

Imagem: Google/internet



terça-feira, 23 de junho de 2020

LENDA CHEROKEE

Há uma antiga e maravilhosa lenda dos índios Cherokee sobre o "ritual de passagem" de seus jovens filhos, que é mais ou menos assim:
“O pai leva o filho para a floresta, coloca uma venda nos seus olhos e o deixa lá, sozinho.
O jovem deve permanecer sentado em um tronco a noite toda, sem remover a venda até que os raios do sol o avisem que é de manhã. Ele não pode e não deve pedir ajuda a ninguém.
Se ele sobreviver à noite, sem desmoronar, se tornará um homem.
Ele não pode contar a sua experiência aos amigos ou a ninguém, porque cada jovem tem que se tornar um homem sozinho.
O jovem certamente fica aterrorizado, com os movimentos e muitos barulhos estranhos ao seu redor. Certamente existem feras terríveis à sua volta. Talvez, até mesmo homens perigosos que podem machucá-lo!
O vento sopra forte a noite toda balançando as árvores, mas ele continua corajosamente, sem tirar a venda dos olhos. Afinal, é a única maneira de se tornar um homem!
Finalmente, depois de uma noite assustadora, o sol sai e ele tira a venda dos olhos.
E é nesse momento que ele percebe que seu pai está sentado no tronco, ao lado dele, pois  esteve de guarda toda a noite protegendo o filho de qualquer perigo. O pai estava lá, embora o filho não soubesse.”

Com certeza nós também nunca estamos sozinhos. Na noite mais assustadora, no escuro mais profundo, em meio aos maiores perigos, nas situações mais difíceis, na solidão mais completa, ainda que não consigamos perceber, Deus nunca nos abandona. Ele sempre nos guarda, está sempre ao nosso lado.

Acredite, mantenha a Fé!


ALUNO DA APAE CANTANDO ALOK. A ARTE E SUAS MARAVILHAS