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segunda-feira, 19 de julho de 2021

PASSO A PASSO

 Economizar vinte reais é melhor do que os trezentos reais que nunca poupamos, assim como dez minutos de caminhada ajudam mais a nossa saúde do que a corrida de uma hora que nunca fazemos.

Meia hora de leitura diária é infinitamente mais produtiva do que a maratona de estudos que não colocamos em prática.

Com certeza, cuidar do próprio lixo traz mais benefícios ao mundo do que aquele projeto



ecológico que nunca sai do papel.

Não tenho dúvidas de que ajudar uma ou duas pessoas na prática espalha mais amor e humanidade do que as críticas e ideias proferidas no conforto de um sofá.

E aquele final de semana simples mas alegre com a família e/ou amigos? Indubitavelmente traz mais felicidades que aqueles planejamentos elaborados que nunca são realizados.

Sem sombra de dúvidas, ser de verdade e mais justo com quem nos cerca é infinitamente melhor do que ser uma utopia para milhares na Internet. 

Melhorar um pouco a cada dia, evoluindo passo a passo. Apesar das falhas, dos medos, das imperfeições. Corrigir o rumo, reconhecer os erros e trabalhar firme para corrigí-los. Doses diárias de atitude.

É um caminho difícil,  mas sem volta. 

Talvez, lá no fim, não nos reconheçamos. E que bom que seja assim.

Caine Teixeira Garcia 


Imagem Google/internet.





domingo, 23 de maio de 2021

DOUGLAS COSTA É 10, MAS DEVERIA SER 7

Finalmente Douglas Costa foi anunciado no Grêmio. A maior contratação do futebol do Rio Grande do Sul é tricolor. Com um detalhe extremamente importante: o jogador abriu mão de quase dois milhões de reais mensais para fechar com o seu time do coração. Negociou diretamente com dirigentes de Bayern e Juventus, deu declarações públicas, afiançou a palavra e cumpriu. Craque com mercado para atuar na Europa, Douglas Costa realmente esmerou-se para voltar ao maior do Sul. Trata-se de um momento verdadeiramente épico. Alguns diriam: "por 1 milhão e meio até eu viria". Eu pergunto: quem abriria mão de quase dois milhões mensais, com contrato garantido?

Não,  meus amigos. Definitivamente não é um fato comum. É digno de aplausos eternos. 

O "homem do raio" vendeu, em apenas 3 horas, 7 mil camisetas, o que representa um montante de mais de 2 milhões e meio de reais. Um fenômeno que enche de orgulho a nação gremista. 

Douglas ligou para Jean Pierre e, humildemente, pediu para utilizar a camisa 10 do Grêmio. Digo humildemente porque um jogador com seu histórico, depois de tudo que fez para viabilizar o negócio, certamente não necessita pedir algo assim. Obviamente   foi atendido. 

Contudo, muito particularmente, eu defendo que o Douglas, embora tenha optado pela 10, merecia mesmo é jogar com a 7. A mesma que fardou o maior ídolo do clube, Renato. A mesma que consagrou Paulo Nunes, Tarcísio Flecha Negra e mais recentemente o reizinho Luan. A 7 no Grêmio é mística, tem história,  tem peso. Hoje farda Matheuzinho, que está longe de merecer a honraria, infelizmente. 

Douglas Costa deveria ser o 7 do Grêmio,  independentemente da função ou posição que for atuar. Mas escolheu a 10. E tudo bem. É um 10 com alma de 7 tricolor.

Um jogador que merece o máximo respeito por parte da maior torcida do Sul. 

Bem-vindo, Douglas Costa. Arrebenta, garoto.




quinta-feira, 15 de abril de 2021

RENATO PORTALUPPI

Renato é o maior ídolo existente na relação com um clube de futebol. Sua história e  identificação com o Grêmio é tão  gigantesca que confunde-se naturalmente com a do clube. Ou melhor: ele é a própria história do nosso tricolor. Ajudou a imortalizar grande parte dela, e imortalizou-se junto. Como jogador e como treinador no imortal foi competente, vencedor e, sem sombra de dúvidas,  foi torcedor. Um árduo e inarredável defensor do Grêmio e da sua torcida. 

Toda essa inquestionável importância desse que é o maior dos maiores na história do clube acabou por prejudicá-lo durante a sua passagem mais recente como treinador. Foi fácil e cômodo para a Diretoria entregar nas mãos desse gigante muitas e diversas questões que não eram de sua alçada,  enquanto tratavam de quimeras e politicagens. Afinal, Renato tem o respaldo da maior torcida do RS. Ocorre que é praticamente impossível navegar em todos esses "mares" do futebol como timoneiro sem fazer água. São muitas questões e, grande parte delas, esbarra em planejamento e finanças. O ídolo viu-se envolto nas armadilhas que existem quando se quer atingir a perfeição em tudo, quando não se percebe que até mesmo os maiores necessitam de auxílio, precisam ser humildes e podem sim, estarem errados em algum momento. 

Renato foi jogado aos leões, eu diria. Mas conscientemente. Deram-lhe todas as chaves, mas nem o maior dos maiores é capaz de atender a contento tantos problemas e questões.

As sucessões de erros (inevitáveis) decorrentes de uma visão omissa, covarde e acomodada da Direção e de uma soberba e pretensão de Renato acabou com a paciência da torcida. Com a paciência, mas jamais com o respeito e a idolatria por seu maior ídolo.

Coisas do futebol. Não é o fim dessa história, apenas o fim de um ciclo que se renova e, tenho certeza, trará novamente Renato Portaluppi para a Arena e para novos títulos, consagrando e consolidando mais uma vez o maior dos maiores.  Eu pedi muito a sua saída agora, e estarei feliz quando for o momento de pedir o seu retorno. 

Era necessário e ele sabe disso,  como necessário é o nosso reconhecimento e agradecimento a esse gênio do futebol. 

Obrigado,  REINATO.

Estaremos juntos em breve.




terça-feira, 6 de abril de 2021

O CABELO DO JOÃO


É sempre muito complicado opinar sobre assuntos polêmicos, mas eu vou exteenar o que acho sobre a polêmica de ontem no BBB:

Primeiramente, é preciso dizer que foi uma AULA de comportamento social e entendimento sobre as dores do outro, como já disse antes. Mal ministrada, mas foi. Ao vivo. Muito aprendizado a quem se prestar a ver e ouvir. 

Há quem banque  o "intelectual" e jure de pés juntos que não assiste o programa,  que esse programa é um lixo, etc, etc. Eu discordo plenamente desse entendimento, tendo em vista que o BBB é um recorte da nossa sociedade, exatamente como ela é. Se aprende muito vendo o programa, que mais do que entretenimento é a exposição do ser humano,  com suas virtudes e fraquezas e, consequentemente, do meio em que vivemos. 

Voltando ao assunto, é preciso entender a dor e o sentimento do João, pois como negro e indivíduo personalíssimo é algo que somente ele pode mensurar e dar valor.

Contudo, passado o momento, onde Rodolffo ingenuamente ou atrapalhadamente conseguiu piorar sua situação, trago para reflexão o seguinte: 

Me parece estar claro que João viu sim no episódio uma forma de militar nacionalmente e ao vivo sobre a questão racial. Do ponto de vista educativo, social e até moral, ok. Contudo, do ponto de vista humano e de bom senso, achei a atitude equivocada e até um tanto oportunista, uma vez que utilizou o colega/adversário de confinamento como uma espécie de "bode expiatório", onde jogou frustrações e traumas pessoais de uma vida inteira, tendo como alvo uma pessoa que não é responsável por isso.

Quem viu a cena que causou tudo sabe, com toda a certeza,  que Rodolffo não foi racista ou preconceituoso,  pelo menos nãoconscientemente. Foi bobo, como um piá de colégio, foi ingênuo por julgar ter uma intimidade que não tinha, foi inoportuno e até mesmo pode ter sido insensível,  uma vez que não cogitou ou percebeu que poderia magoar João. Com certeza lhe faltou empatia, mas não foi maldoso. Muitos de nós estamos sujeitos a errar e, certamente,  erramos bastante e até pior em situações semelhantes. Repetimos comportamentos e entendimentos incorretamente enraizados. 

João poderia ter resolvido essa situação na mesma hora, ou um pouco depois, pessoalmente. Rodolffo tem demonstrado ser sincero (dentro do que o jogo permite), aberto ao diálogo e, inclusive,  capaz de admitir os erros e se desculpar. Mas ele preferiu "descontar" ao vivo. É um direito seu. Mas será que essas palestras e aulas são dadas à todo o momento de sua vida, em circunstâncias iguais ou piores? Tenho minhas dúvidas. 

Assim como Rodolffo deve aprender a medir suas palavras e brincadeiras, e simplesmente acabar com essas atitudes quando vir que o outro não gostou, entendo que João também deveria entender que a exposição realizada da forma como foi tem uma repercussão gigantesca. E, queiram ou não, a repercussão recaiu somente sobre Rodolffo e sua atitude naquele instante, sobre aquele ato, e a causa em si passou a ficar em segundo plano.

É importante tratarmos sobre o assunto? Com certeza.

Foi feito da forma correta? Não creio.

O efeito manada não produz bons resultados nesse caso.

Não vejo com bons olhos crucificar pessoas por atos isolados e que efetivamente não têm a ver com racismo e preconceito apenas para validar a causa que, de fato, é extremamente relevante. 

Isso é o que eu penso com as informações que tenho hoje.

Ponto.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

PRENDAM O TIO DO ZAP



O  "tio do zap" é extremamente perigoso, ardiloso, irresponsável,  inescrupuloso, chato, burro, inconsequente ou, até mesmo, um bobo útil. Mas no frigir dos ovos, na maioria das vezes ele é criminoso.

Ele deveria ser preso. Merece ser preso. O problema é que ele é muitos.

O "tio do zap" pode ser o senhor da padaria, o taxista, o cobrador do ônibus, o farmacêutico, o vizinho, a professora, a colega de trabalho, o amigo do futebol, o instrutor da academia, o irmão da Igreja. O "tio do zap" pode ser seu pai, seu irmão, sua mãe, sua tia...

Temos "tios do zap" famosos, ocupando cargos importantes: Osmar Terra, um dos maiores "tiozões" que já pintaram nos últimos tempos. Temos também o tal Olavo de Carvalho, aquele que é filósofo sem ter estudado, que arregimenta fãs com seus discursos ensandecidos, sempre imersos em extrema burrice e ignorância.

Ah, os terraplanistas... classe especial de tiozões. Estão entre os mais estarrecedores.

Por incrível que pareça, além de enfrentarmos essa pandemia severa e aterradora, temos ainda que lutar contra os "tios do zap" nos hospitais e consultórios médicos, nos quartéis e delegacias, no judiciário, nos parlamentos, no congresso, no Planalto e por aí vai. 

Temos uma família inteira de "tiozões do zap" comandando o país. É surreal. 

As notícias dão conta da veracidade da mamadeira de piroca,  das provas incontestáveis de que a terra é plana, de que trabalhador não precisa de direitos, de que armas são melhores e mais importantes do que livros. De forma inacreditável o "tio do zap" convenceu o Brasil  de que alguém que está na política há 30 anos é sim, a nova política.

Mas o "tio do zap" tem feito mais, tem feito coisas piores: ele é contra a vacina, contra o isolamento, acha desnecessário usar máscara. 

Pro "tio do zap" não temos epidemia,  é só uma gripezinha. Pra ele,  o trabalhador tem que lotar ônibus e se expor ao vírus. 

Afinal, não tem como fazer lockdow de insetos, segundo ele.

O "tio do zap" não cobra nada do governo, pois ele entende que o povo tem que se virar. Auxílio-emergencial é bobagem, vai quebrar o pais. Assim empresários e banqueiros não aguentam.

O tio do zap" não vê corrupção em comprar o parlamento, em rachadinha, na compra de mansões com salários não condizentes. 

O "tio do zap" tira férias de dois milhões e meio de reais, e afirma que o Brasil está quebrado. 

O "tio do zap" quer privatizar pra que o povo receba de forma privada um serviço que ele não tem como pagar.

O "tio do zap" comprou 500 milhões de doses da vacina. E segundo ele é  frescura, porque o coronavírus não é tão letal assim. Aliás, foi dito que seriam 800 mortes, no máximo. 

O "tio do zap" tem certeza que esses mais de 300 mil brasileiros mortos são apenas números inventados. Segundo ele, alguém está ganhando com notificações falsas.

O "tio do zap" não toma vacina, porque vai estar ajudando a China a vigiar o Brasil. 

O "tio do zap" quer o golpe militar, porque ditadura traz liberdade. Segundo ele, Ustra foi um herói, e não houve tortura e nem mortes durante os anos de chumbo. 

O "tio do zap" é  um pobre rico, que luta contra os direitos trabalhistas,  contra o serviço público - exceto contra os milicos - contra o SUS e tudo que possa lhe favorecer, porque é preciso ouvir e atender o mercado. 

A maioria dos "tios do zap" não leem de verdade. São preguiçosos. São manipulados. Beiram a imbecilidade. Falam sobre o que desconhecem. Argumentam de forma tosca e absurda. São superficiais, porém, raivosos. Eles têm tenacidade. Levam a sério a missão de desinformar,  de escarnecer, de baguncar e serem ridículos. Atualmente parecem estar empenhados em matar.

O "tio do zap" é uma aberração. Ele é um assassino.

Prendam o "tio do zap".


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

UM LUGAR QUE CALA

A origem do termo “LUGAR DE FALA” é, levando-se em conta os textos mais populares e atuais, reconhecida como proveniente do feminismo dos anos 80. Consta que teria aparecido pela primeira vez no artigo “O problema de falar pelos outros”, de Linda Alcoff, filósofa panamenha, bem como em um texto da professora indiana Gayatri Spivak (ensaio “Pode o subalterno falar?”).mTrata-se de algo inerente a questões que versam sobra a “voz de minorias”.
Como não poderia deixar de ser em se tratando de luta por espaço e aberrações sociais da humanidade, o conceito fugiu ao entendimento original e ganhou análises e compreensões diferenciadas, além de usos práticos e intenções de uso.
Seguindo uma lógica que a meu ver é totalmente distorcida, há uma defesa de que apenas mulheres poderiam se manifestar sobre feminismo e machismo, por exemplo, e apenas negros e indígenas poderiam se manifestar sobre racismo, apenas LGBTs poderiam se manifestar sobre homofobia e transfobia, e assim por diante. Isso exige e define o “silêncio” de quem não possui “vivência”.
Contudo, é fácil de percebermos o quanto isso é uma aberração, pois o atualmente tão aclamado “lugar de fala” deve ser considerado para além do ativismo, já que as questões sociais e os posicionamentos acerca de cada uma delas não pode estar exclusivamente atrelado às vivências pessoais, existindo inúmeros outros fatores relevante que as impactam e permeiam. Portanto, “lugar de fala” é um estabelecimento de maturidade e consciência quanto à credibilidade e autoridade aposta ao discurso a partir DE ONDE SE FALA e não um autorizador ou inibidor de manifestações e opiniões.
A “autoridade” no lugar de fala nasce de uma qualificação a partir do conjunto de informações, pertença, vivências e estudos que se possui, pois ela não é inata E NÃO SE CONFIGURA por simples pertença, tampouco se dá exclusivamente por “vivência” ou por mero estudo formal. Dessa forma, é fácil entender que cada questão possui diversos e variados lugares de fala.
O fato de mulheres serem as vítimas mais óbvias do machismo, por exemplo, não as faz automaticamente a “única autoridade” sobre esse tema, que inclusive aflige a sociedade como um todo. Vejamos que o machismo é criado e exercido majoritariamente pelos homens.
Se falarmos do racismo, veremos que há negros com muito menos autoridade de lugar de fala que brancos, pois só o conhecem com a percepção do vivido, e o desconhecem teoricamente e tampouco em contextos diversos. Não raro, existem afirmações de alguns de que não possuem vivência alguma.
Portanto, essa absurda reivindicação de exclusividade no tocante ao “lugar de fala” nada mais é do que um autoritarismo às avessas, fruto de delírios ativistas e ideológicos.
É sabido que as minorias ainda ocupam poucos espaços políticos sendo, portanto, menos representadas e, por consequência, menos ouvidas. É nesse contexto que temos a importância do “lugar de fala”, que deveria ter como objetivo oferecer visibilidade a sujeitos/grupos cujos pensamentos são desprestigiados ou desconsiderados ao longo do tempo. Por isso, ao tratarmos de assuntos específicos a um grupo, como racismo e machismo, pessoas negras e mulheres possuem, respectivamente, “lugar de fala”, oferecendo e oportunizando um olhar sobre o tema que pessoas brancas e homens talvez não tenham. Contudo, isso não significa em hipótese alguma que se deva calar ou cercear o direito de manifestação das demais pessoas que não fazem parte desses grupos. Ao contrário, “lugar de fala” significa ABRIR ESPAÇOS PARA MANIFESTAÇÕES.
É um equívoco gigantesco achar que o “lugar de fala” tem como objetivo restringir a troca de ideias, encerrar discussões ou impor um ponto de vista, pois o que se deve buscar é oportunidade de que “excluídos” ou discriminados possam se expressar livremente em sociedade, buscando um tempo mais solidário e igualitário.
Reivindicar a superioridade absoluta da autorrepresentação, recorrer à interdição da fala que não se situa na minoria e à inspeção constante para verificar se essas duas premissas são integralmente cumpridas em todas as formas de expressão artísticas, científicas e políticas é praticar um novo tipo de violência social.
Isso é recorrente no âmbito da militância do “lugar de fala”, que tem crescido de forma totalmente intolerante e agressiva, tentando sufocar debates que são essenciais.
NADA que busca calar, suprimir ou castrar o diálogo e o debate pode ser considerado como benéfico ou democrático.
O “lugar de fala”, antes de tudo e também, deve ser lugar de “escuta”, de “troca”, de “tolerância”, de “empatia”, de “aprendizado” e de “evolução”.
Sim, tem gente militando errado sim.
Não façam do lugar de fala um novo fundamentalismo político ou mais uma ideologia rasteira e tola. Não queiram monopolizar a fala.
Não ajam como aqueles que tanto vocês criticam.
 
Caine T. Garcia
11/02/21