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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

SOBRE SEMANA FARROUPILHA



Me agrada a Semana Farroupilha, embora não compareça a desfiles e nem tenha um cavalo à campo ou em cocheira para encilhar durante as festividades e desfiles...
Alheio às questões discutidas calorosamente sobre quem venceu ou quem perdeu a Guerra dos Farrapos (tenho minha opinião formada, de forma política, cultural e histórica), cada vez mais eu tenho certeza que a Semana Farroupilha é sim um movimento genuíno, autêntico e do qual os gaúchos se orgulham... e falo aqui tanto do gaúcho “de apartamento”, quanto do “campeiro”... o sentimento de orgulho que toma conta de nossa gente parece ser maior do que tudo e todos. Além de exaltar nossas tradições, nosso povo também aprova a exposição de nosso jeito bairrista de ser... e eu também aprovo.
E aprovo com a mesma convicção que me faz ser a favor dos CTG’s, ainda que com grandes ressalvas e desconfianças relacionadas aos patrões (oas) e suas patronagens, por motivos óbvios a quem conhece o meio. Este posicionamento, às vezes, me faz meio que perder a cabeça e acabo falando ou escrevendo muita bobagem das quais me arrependo depois, porque termino por atingir as entidades, devido a irritação que alguns destes seres me causam. Mas a grande verdade – e tenho dito isso reiteradamente – é que considero os Centros de Tradições Gaúchas um dos melhores ambientes que conheço,  quando neles é fomentada a cultura por meio de setores artísticos e campeiros fortes e atuantes.

Coisa linda, é ver um piazito e sua prendinha dançando uma “Tirana do Lenço,” “Tatu com volta no Meio” e demais danças...
É macanuda a gritaria e o divertimento proporcionado por uma partida de truco, por uma tertúlia livre, assim como os rodeios e festas campeiras se fazem importantes para a manutenção do que se tem conceituado hoje como movimento tradicionalista.
Penso que a questão recorrente quanto ao fato de os CTG’s cultuarem ou não a “verdadeira” tradição do RS, se faz ultrapassada, pois com erros e acertos, com baldas e manhas, com absurdos ou não, trata-se de tradição e ponto. São costumes, comportamentos, memórias e lendas perpetuadas através dos anos e, não há como deixar de dizer, arraigadas em nossa sociedade, ainda que em parte.
Assim sendo, encerro este ponto do assunto, reverenciando nossa bandeira e nossos costumes e tradições “cetegeanas”...acho até, que todas elas...
“Dito” isto, deixo agora, um alerta aos amigos do nosso meio “nativista” que teimam em dissociar-se do tradicionalismo, muitas vezes, inclusive, desfazendo e falando mal de CTG’s e do movimento tradicionalista como um todo: abram seus olhos, desçam de seus pedestais. Eu participei do movimento tradicionalista – e ainda participo, hoje de forma menos atuante - e sei que muitos dos artistas que autalmente sobem aos palcos dos festivais são oriundos de CTG’s, começaram lá suas carreiras, é lá que foram estimulados e desenvolveram seus talentos. Conheço, inclusive, gente que diz que desde sempre foi “gauchão”, “campeirão”, mas na verdade só conheceu cavalo depois que trocou a bicicleta, ou uma “garelli”,ou motinho, ou skate, por um cavalo emprestado para desfilar no “20 de setembro”. A maioria dos que vejo desdenhando do  movimento tradicionalista e das regras impostas por CTG’s não se dão conta de que é lá que está grande parte dos apreciadores de sua arte, os consumidores e clientes de seus trabalhos, seja o estilo que for dentro do meio... e ainda que estes sejam totalmente baseados em inverdades, como muito do que vemos e presenciamos por aí. Por horas, vestir as “alpargatas da humildade” e descansar a  língua ferina pode ser sábio. Prá que ser tão  “campeiro”? Nem todos se deixam enganar. Que sejam justas a remunerações pagas às brilhantes apresentações realizadas nos palcos do tradicionalismo... e que nenhum “cocho” seja virado... é desnecessário.
Os que são realmente contra, sugiro que não adentrem mais os CTG's, afinal, me parece contraditório. Aos que enxergam a existência de muita coisa errada mas apoiam o meio, sugiro que mostrem o caminho certo, digam de onde tiraram sua “literatura” interna e verídica, em que estão baseados. Mas não se apropriem de discursos de outros, não utilizem fragmentos filosóficos editados por cabeças, muitas vezes,  vazias.
Para muitos eu desejo menos pó – seja do tipo que for - na mente e nos livros e estantes.
Me parece que a hipocrisia anda bem mais a cavalo do que muitos dos que arrotam campo e mato, terra e galpão.
Por um lado, eu até entendo essa fome de mídia, embora muitos a reneguem, mesmo que estampados em manchetes conseguidas por meio da incessante busca por holofotes. Grande parte do marketing é feito e realizado pelo engodo que há em se dizer avesso a ele.
Um grande abraço e boa Semana Farroupilha a todos.

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