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domingo, 14 de setembro de 2014

LUIZ CORONEL E O MEU BODOQUE

Se existe alguém no meu Rio Grande que necessita ser estudado a fundo (no meu entendimento), este alguém é Luiz Coronel. Dono de um vocabulário invejável e de uma vaidade que não fere, mas arrebata, sinceramente o considero uma pessoa adiante do seu tempo - e de outros tempos que virão. Sinto orgulho deste bajeense, cuja alma considero extremamente iluminada. Sempre que assisto as suas entrevistas e declarações, trato como uma grata oportunidade. É poeta na plenitude da palavra.
Nunca estive com ele pessoalmente. E sem qualquer medo de ser chamado de puxa-saco ou adulador, confesso que seria uma pessoa com quem gostaria de ter uns bons minutos de prosa, algum dia.
Lembro que quando compus a música "De Volta", troquei algumas palavras com o poeta e escritor, pois sonhava em tê-lo como aquele que "encarnaria" o personagem e a mensagem contida na letra, recitando algumas palavras. Imaginei que isto seria aprazível para ambos, pois Luiz Coronel sempre demonstra seu carinho por Bagé, nas mais diversas manifestações que realiza. Ele tem um amor, uma paixão tal por nossa cidade, que para mim só isso já o torna uma pessoa especial, não bastassem os demais atributos que todos bem conhecem. Bom, gentilmente o convite feito para que o ilustre conterrâneo fizesse parte da apresentação da música foi negado (o que já era esperado), vez que em sua agenda faltava espaço para acolher a tantos convites para a mesma data. Logicamente, mediante uma gentil declaração de que sentia muito não poder atender a empreitada.
Não sei qual a relação, mas escrevi tudo isto até agora, para contar que hoje, ao falquejar uma forquilha para "fabricar" um bodoque* para meus guris (e para mim), lembrei o tempo inteiro da música citada e de Luiz Coronel. A forquilha já meio seca, foi perdendo a casca, ficando esbranquiçada e, consequentemente, mostrando mais seu conteúdo. Foi sendo lapidada e ficando mais bonita... isso me lembrou de uma relação louca que temos com o tempo e com as palavras... e acho que isso talvez seja um pouco Luiz Coronel... um homem falquejado pelo tempo, pelas andanças... que tem raízes no seu lugar, o exalta, mas que ao mesmo tempo, é do mundo, é universal. Um homem certamente melhorado - e que melhora a outros - pela poesia, pelos versos pelas palavras. Isso tem muito da música que falei... e muito do meu bodoque (estilingue não habita meus dizeres). Me faz lembrar daquele ditado/provérbio que diz "A pedra atirada, a palavra proferida e o tempo jamais retornam". Alguns trocam a pedra por flecha... mas o significado é o mesmo!
Ao terminar meu "artesanato", mirei minha obra (que não lixei muito para não perder o seu lado "campeiro" e nostálgico)... imaginei as tantas pedras que meu bodoque irá atirar... a diversão que trará para mim e para meus filhos...
Contrariando ao provérbio, sou capaz de afirmar que estas pedras lançadas fincarão alicerces para ensinamentos que certamente teremos... simples assim...portanto, não só voltarão, como sempre estarão ali, presentes. Assim como as palavras... e o tempo... que tenho plena certeza que sempre retornam, numa música, num verso, num abraço, numa lembrança... em cabelos grisalhos e em penas antigas, que reverberam saudades e porvir! Muitas vezes, os tempos que mais voltam são os que nunca vivi. É mesmo uma loucura.
Mirando o singelo bodoque, sequer sou capaz de imaginar o que aquela forquilha passou para chegar até aqui...mas que ficou lindo, ah, isso ficou... E lembro do grande Luiz Coronel... que bodoque de lindas e esmeradas palavras... que, mesmo sangrando, não ferem.
* o bodoque certamente não servirá para judiarias com seres vivos... não se assustem...





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