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segunda-feira, 3 de julho de 2017

QUANDO UM AMOR SE VAI



Quando um amor se vai, parte com ele o bom dia e todo ânimo sucumbe, negligenciando os apelos da alma, apesar do aroma reconfortante do café... os dias se tornam nublados, antes mesmo do sol raiar. Correr na chuva já não tem mais graça, e a mão que pegava a outra ressente-se do frio, ao caminhar sozinha...
Quando um amor se vai, as bicicletas são entregues ao pó das garagens e as praças que abrigavam tardes de chimarrão, se tornam lugares chatos para pessoas desocupadas...
Quando um amor se vai, fecham-se as portas dos cinemas e a nossa memória lamenta o gosto da pipoca e do sorvete... e dos beijos... não há mais tempo para olhar vitrines à toa, não há mais sentido em lanchar na rua ou em achar graça dos próprios sapatos...
Quando um amor se vai, as ruas ficam estreitas, os sonhos ficam amargos, as noites são mais escuras... o entardecer se torna enfadonho, chegando a ser ofensivo... as estrelas não são mais poemas, a lua perde a beleza e a madrugada é só mais um fardo...
Quando um amor se vai, os livros são poços profundos, as palavras perdem o sentido e toda música é um punhal... cada lembrança é um tiro dilacerante, não há piedade, e toda injustiça se faz... o olhar não encontra abrigo...
Quando um amor se vai, o coração é ferido de morte... e sobreviver é só mesmo um castigo... o espírito faz viagens em vão... a nostalgia tem um abraço tenaz, e trás mil chagas consigo...
Quando um amor se vai, toda borboleta é igual, e as estações são somente ciclos de dor... as cores não falam aos olhos, e a natureza emudece...o tempo cruza sem pressa, provando cada mazela exposta...
Quando um amor se vai, o mar perde a beleza, o campo perde o encanto e o vento canta as suas cantilenas de solidão, soprando velas de desesperanças ... as revoadas de pássaros rumam sem norte, rimando com saudades infindas...
Quando um amor se vai, o silêncio fala mais alto, e os ouvidos são moucos aos que gritam paixões... a felicidade arruma suas malas e parte, sem nem dar adeus. Os horizontes são distâncias cinzentas, e o medo ganha coragens de ser...
Quando um amor se vai, a lágrima é sal e mais nada... o vidro dos olhos faz refletir o infortúnio... a tristeza banca a parada, e o que brota no peito não tem razões para seguir...
Quando um amor se vai,
(Eu acredito)
Deus pede perdão...


Imagem: Google imagens/sem autoria

 

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