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terça-feira, 4 de abril de 2017

O PROBLEMA SOMOS NÓS!


O RS é o Estado dos exageros. É bom e ruim por isso. Trato agora do lado ruim, que é quando o nosso bairrismo ou complexo de suposta superioridade atropela o bom senso. Ou nossos desencantos vem à tona. Na música e na poesia isso é ainda mais latente. As pessoas perdem a capacidade de entender contextos maiores, e parecem querer descarregar, por exemplo, suas frustrações em um menino de 9 anos apenas, como tenho tido o desprazer de constatar por aqui. Dissertam teorias de canto e postura cênica como se fossem ases da interpretação, muitos sem terem conseguido em uma vida inteira um décimo do que esse piá conseguiu, nem mesmo em personalidade!
No próprio cancioneiro gaúcho desde sempre eu não sou capaz de fechar duas mãos de cantores que sejam tão bons quanto o que esse povo tem exigido. Ao contrário, a maioria tem mais amor ao que faz do que técnica propriamente dita. E isso é ótimo. É o nosso "sotaque" musical. É pura chatice mesmo. Gente enchendo o saco por causa da pilcha, quando só usa pra ir num bailezito, ou tomar mate na praça ou posar pra foto e ficar com cara de bunda fantasiada. O gaúcho, por conceito e ideal, é livre. Por ser livre, é gaúcho do jeito que quiser, na forma que lhe aprouver, em especial, quando não há regra do jogo. Essa mania de implicar com a maneira de cada um e de normatizar o ir e vir e até o pensar dos outros, cada vez diminui mais nossos costumes, afasta ao invés de agregar. Ficamos mais longe ainda de um tempo que dizemos perseguir. Quando não conseguimos aplicar bom senso e nem ficarmos felizes pelas conquistas de uma criança, cujo feito é grandioso, avançamos rumo a um estereótipo de ser, que há de lamentar por ter perdido sua capacidade de evoluir, ainda que se queira manter as raízes firmes no chão. Isso é preocupante. Árvores secas não dão frutos, e suas raízes não resistem ao tempo, que sempre há de cobrar seu uso indevido.
Gaúchos de verdade, pessoas que contribuem de fato para sermos o que somos - e o que seremos - possuem empatia, são capazes de amar e de admirar o próximo. Gaúchos de verdade sabem que há um limite para passar vergonha opinando por meio da inveja e do despeito.
E ponto.

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