Em pleno século XXI, os grandes
líderes ainda ousam brincar de guerra. Parece que as experiências catastróficas
já vivenciadas pela humanidade não renderam as devidas lições. Ainda temos malucos
apostando vidas na fabricação de armas de destruição em massa e outros malucos
que já possuem este descalabro entrando na onda de aterrorizar o mundo.
O negócio de armas ainda rende
bons lucros. E grandes nomes ainda brincam de senhores feudais.
E aí, eu me pergunto: até quando?
Os refugiados de zonas de guerra
não impressionam mais. Foi uma comoção passageira. Locais onde pessoas – nossos
irmãos – morrem de fome, devido às barbáries impostas por radicais
desumanizados, rendem notícias, mas não fomentam atitudes.
Perdeu-se o menino de sapatinhos
bonitos às margens da praia... e com ele, tantos outros desafortunados, que
seguem vindo à costa não para um banho de sol, mas para um derradeiro momento.
Vivemos em um compasso de espera,
aguardando a próxima novidade em termos de falta de fraternidade, de desamor,
de bestialidade.
Damos graças por estarmos longe
de lugares onde há muito já não se vivencia a paz. E temos razão. O instinto de
sobrevivência é imperioso. Isso não me assusta. O que me incomoda é o fato de
termos quase nada de sentimentos e ações quanto aos que vivem sob a mão pesada
do terror, do flagelo, do abandono e da miséria.
Ao nosso redor, o mundo cresceu.
Catapultada pela tecnologia, a interação é gigantesca, mas ainda é bem mais
virtual do que real. Não aprendemos a conviver com ela de maneira mais salutar.
Recebemos todo e qualquer tipo de notícia a todo e qualquer momento, mas
estamos desorganizados – e desinteressados, é verdade – no tocante à maneira de
agir perante tudo que absorvemos no dia a dia.
A tecnologia não transformou o
mundo num quintal, como muitos dizem ou da maneira como gostaríamos. As mensagens
e informações têm chegado como uma forma de alívio, pois ao saber que a África
segue com sérios problemas ou que o Estado Islâmico ainda não se infiltrou em
nosso país, damos graças a Deus pelos milhares de quilômetros que nos separam
desses locais de sofrimento. A tecnologia nos alivia, nos dá aquela sensação de
que enquanto estivermos bem, tudo estará bem. Lá fora, a coisa se resolve um
dia. Ou não. Afinal, o problema não é nosso.
Vamos levando a vida, do jeito
que dá. Temos muitos problemas em nossa aldeia, e mal conseguimos dar conta de
tudo que nos é cobrado e apresentado.
Elaboramos teorias de como deve
ser a educação, a segurança, a saúde...debatemos sobre o futuro dos filhos, dos
jovens, enquanto eles estão cada vez mais à mercê de uma sociedade podre,
corrompida, violenta e sem o menor senso de coletividade e respeito.
Sabemos como tudo deve ser feito
para avançarmos. Mas e as atitudes?
Eu creio nelas – e somente nelas
- como o verdadeiro fator de modificação, de melhorias, de avanço e de
evolução.
Pois tenhamos mais atitudes! Por um
mundo mais justo, mais humanizado, mais fraterno... por mais paz. Por um futuro
melhor. Por menos dor e por mais alegria. Por menos medo e por mais harmonia.
Por menos violência e por mais carinho. Por menos fome e por mais pão. Por
menos estupidez e por mais razão. Por menos insanidade e por mais coração. Por
menos crueldade e por mais amor. Por menos dúvida e por mais fé.
Mais fé em nós. Mais fé no outro.
Mais fé na humanidade. Mas, principalmente, mais atitude. Vamos superar os clichês!
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