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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

DE UMA CERTA FELICIDADE

Enquanto os dias me consomem, mais e mais eu me aproximo de minhas realidades, experimentando uma sensação maior de verdadeira liberdade. Uma liberdade que se revela cada vez mais incomum, mas que já não me surpreende.
Essa liberdade de que falo, nem sempre é bem captada ou percebida pela grande maioria. Talvez nem mesmo pelos grandes poetas, que a este sentimento, não raro, dedicam páginas infindas de seus maravilhosos e bem escritos textos. Por abusarem nas metáforas e chavões, salta ao olhos a quase que total ausência de prática.
Essa liberdade de que falo, está presente nos testemunhos do dia a dia, na expressão e nas atitudes de pessoas que conhecemos e acompanhamos e que, agora, por vivê-la, também consigo identificar em outras pessoas.
Neste sentido, a experiência e a maturidade se fazem confortantes, ainda que tenham, em seu cerne, um grande depósito de angústia. Somente pelo olhar da experiência é que vemos as situações da forma como elas realmente são, ou, no mínimo, da maneira mais aproximada possível. A capacidade de análise fica mais apurada e, ter pressa ou não, passa a ser mais uma escolha do que um ímpeto. E o risco também... muitas dores são calculadas. Assim como a culpa, como os remorsos, como a alegria. Logicamente, não falo de maneira absoluta e nem aplico esta premissa ou “verdade” a todas as questões. E isso, pode-se dizer, faz parte da maturidade. É ela que nos faz entender estes tipos de questionamentos, é ela que dá o alicerce para que a experiência seja escutada e tenha um lugar cativo ao lado do coração e das ideias. O que, por óbvio, não garante que iremos escutá-la sempre.
Somos mais livres quando entendemos que podemos ser felizes do jeito que somos, sem termos que prestar contas ou explicar, a todo momento, o porque de determinadas decisões ou atitudes.
Somos mais livres quando percebemos que um “foda-se” bem colocado, no momento certo, vale bem mais do que o silêncio ou um olhar pacato de aceitação. Ou do que uma revolta interna que nos garanta gastrites e enxaquecas.
Somos mais livres quando aprendemos a concordar, apenas para não dar papo ao que é fútil ou inóspito. Dar as costas para alguém que não merece nossa consideração, também pode nos trazer extrema felicidade... é verdade, sem medo de errar.
Somos mais livres quando entendemos que SIM e NÃO são palavras extremamente importantes para nossa saúde física e mental e que, muitas vezes, uma complementa a importância e o valor da outra.
Somos mais livres quando compreendemos nossas fraquezas e aprendemos a conviver com elas, sem que isso nos traga nenhum tipo de medo ou frustração, pois elas fazem parte de nossa personalidade. E esta citada liberdade nos faz focar naquilo que nos torna fortes, que nos engrandece, que nos faz melhores. Em nossas “especialidades”.
Somos felizes quando somos nós mesmos. Por não precisarmos mais das máscaras que usávamos, ainda que inconscientemente. Todas elas vão ficando pelo caminho, uma a uma, dando lugar ao verdadeiro “EU”.
Talvez muitos não estejam prontos para experimentar essa felicidade... mas carrego comigo a certeza de que ela vem para todos, de forma indistinta, no tempo certo.
E a grande notícia é que esta felicidade tende a aumentar... junto com reumatismo, memória fraca e outras mazelas que o tempo concede à matéria humana.
Mas e daí? O corpo é uma veste que, junto com as máscaras, ficará pelo caminho..
Enquanto a alma segue ao “pós”, o corpo retorna ao pó... pouco importando as lágrimas e o ranger de dentes. É isso.
Devemos ser um palanque de nossa própria felicidade, ainda que ela nos chegue aos poucos, após longa fustigação pelo tempo e pelas intempéries da vida.
Ser feliz é o que há!




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